#CADÊ MEU CHINELO?

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sexta-feira, 23 de julho de 2010

CARLOS PONTUAL

::txt::Daniel Benevides::

É preciso conhecer Carlos Pontual. Não aquele que toca guitarra na banda de Nando Reis e produziu o seu último disco. Esse já é conhecido pela técnica precisa e energia no palco. Mas seu outro lado (que no fundo é o mesmo), aquele que, nas brechas das turnês com os Infernais, vai construindo uma consistente carreira solo, elogiada no exterior.
“This is top quality club jazz"- Mike Hobart - Financial Times (2008)

Inventa Qualquer Coisa é já seu terceiro disco solo – e certamente o melhor, com mais pegada, uma coleção de canções que vão direto ao ponto. Enxuto e vibrante, faz valer cada nota, cada palavra. Já na primeira faixa que dá nome ao disco, surf music urgente, Pontual mostra que tem potencial de invadir rádios e iPods de todo os país. A levada da música é irresistível, o riff certeiro, e a letra, simples, direta, faz a crônica de um dia tórrido. O ritmo se mantém na segunda, “Veneno de Cobra”, rock fortemente marcado, um desabafo sincopado, que lembra Queens of the Stone Age. O trio de abertura se completa com a empolgante “Mensagens Subliminares”, rock mais clássico, próximo do country blues de certas músicas dos Stones.

Na sequência surgem duas baladas bem melódicas, para abaixar um pouco a temperatura. “Mesmo que Seja Ilusão” é uma clássica canção de amor, em que Pontual mostra que é também bom vocalista. Ao final, um solo daqueles de arrepiar, sem notas desnecessárias, seguindo a espinha da emoção. “Janelas Sincronizadas” é um exemplo da versatilidade do músico multi-instrumentista e compositor (que estudou música e tocou jazz ao lado do lendário trompetista Barrosinho, um dos fundadores da Banda Black Rio). Trata-se de uma balada meio bossa nova, mas com um sutil arranjo que lembra o trip-hop, bem climático.

Então entra a segunda parte do disco, mais black, suingada, que abre com o samba-rock malandro (no melhor dos sentidos), bem carioca, “Quero Te Dizer”. Detalhe para o uso jazzistico do teclado, que aliás é uma presença forte no disco. E emenda com o balanço batucado à Jorge Ben, “4 Horas da Manhã”. E aí chegamos a outra candidata a hit: o pop funkeado “Crônica”. Abrindo com um teclado que lembra o melhor do funk safra anos 70, Pontual pede licença a Lulu Santos e, se não chega a superar o mestre, passa perto disso. “I Might Have Something to Say”, uma das duas músicas em inglês do disco, esquenta mais a pista, na toada do batidão soul criativo de Sly Stone.

Há ainda uma terceira parte, idiossincrática, que revela os muitos recursos de Pontual. A instrumental “A Vingança dos Dinossauros Voadores” é aquela em que ele solta mesmo o braço e dispara um solo endiabrado, que se estende do começo ao fim, numa jam inspirada, com a excelente banda que o acompanha (ao longo do disco tocam os tecladistas Alex Vely e Cláudio Andrade, o baixista Felipe Cambraia, os bateras Diogo Carneiro e João Viana, e os percussionistas Fernando Jacutinga e Edu Krieger). A versão demo, bem caseira e por isso divertida, de “Inventa Qualquer Coisa” mostra que a música funciona bem de qualquer jeito, em qualquer arranjo e produção. E por fim, a boa zoeira de “Lady Pimp”, uma breve odisséia zappeana, encerra o disco com um aceno irônico, algo catártico.

Diverso dos dois anteriores, o mais jazzístico e experimental O Miolo do Som, de 1999, e o instrumental, meio surf music, meio jazz-lounge Instrumental Social, lançado na Inglaterra em 2008, Inventa Qualquer Coisa, também independente, aponta para um novo caminho na carreira de Carlos Pontual, que tem tudo para ser um caminho de sucesso.

quarta-feira, 10 de março de 2010

NANDO REIS



#noé ae?!
Apesar de tudo, um grande show

txt: Alexandre Lucchese
phts: Louyse


Nando Reis está 42 minutos atrasado. O inconfundível calor do Opinião não deixa dúvida: a casa está lotada. Algumas vaias começam a soar. Esta é a primeira das duas noites em que o ex-titã se apresentará em Porto Alegre. A segunda noite não estava programada de início, foi conseqüência da avidez com que os porto-alegrenses se atiraram atrás dos tickets amarelos que davam acesso ao espetáculo.

A lona branca diante do palco, espécie de cortina que serve de anteparo para projeções de vídeo, levanta-se vagarosamente. Um roadie entra ao som de vaias e afina o violão vermelho com apressada perfeição. Era o último preparativo para mais um triunfo ruivo na capital: um show positivamente inesquecível, mas que mesmo assim frustrou as expectativas de uma grande temporada para 2010 no Opinião.

Nando entra no palco com uma camisa jeans azul sem mangas e um gorro vermelho – desses que o João Bosco também tem a audácia de usar diante do público. Pelo sorriso e energia, logo se vê que está preparada para fazer uma grande noite. Mas o show começa morno, a não ser para os fãs ortodoxos, aqueles que seguem onde vão os pés do artista, compram tudo, baixam tudo, decoram as letras e as cantam no show com o amor devoto do torcedor no estádio em dia de final. E eles estavam lá em grande número.

As músicas de Drês, álbum mais recente, não empolgam a maioria da audiência. Não que as canções sejam fracas, talvez até sejam, mas o certo é que não dava para tecer juízo algum a esse respeito devido à péssima qualidade do som. Baixo, bateria, violão, guitarra, teclados e vocais: tudo vinha embolado, era preciso bastante esforço para distinguir um insturmento do outro, e até mesmo quando a música parava era difícil entender o que Nando falava ao microfone.



Me divirto olhando a projeção em vídeo no fundo do palco. Eram imagens editadas em estilo videoclípico, cada canção com uma projeção diferente. Muy lindo.

É com All Star que o show começa a decolar. Cultuada por diversas gerações de fãs, a música transforma o Opinião em um grande coro pela primeira vez na noite – e viriam muitas outras. All Star ainda termina com um solo matador do baixista Felipe Cambraia, figura que surpreende ao pilotar com hábil destreza os graves d’Os Infernais tocando com os dedos indicador e médio da mão direita ao mesmo tempo em que fuma um cigarro preso entre o anelar e o mindinho da mesma. Showman.

O coro se mantém intacto em muitas outras canções: Não vou me adaptar, Relicário, Luz dos Olhos... O entrosamento entre os músicos é crescente, e a energia flui intensa. Em O segundo Sol, Nando delega o violão a um roadie e, de microfone na mão, se movimenta como um xamã enlouquecido. Corre, pula, chupa o dedinho fingindo sexo oral, ameaça piruetas, instiga o público a cantar. E também rebola com as mãos nas cadeiras e piscando os olhinhos tal qual uma Carmem Miranda.

Um amigo diz que tenho trejeitos parecidos. Argumento que o cantor está encarnando a pequena notável. Ele diz que eu faria o mesmo se estivesse no palco. Agradeço a Deus por meu pai não estar ouvindo essa conversa.

O bis foi um show à parte. No melhor estilo crooner, Nando bota a casa pra dançar com Frevo Mulher (Zé Ramalho), Whisky a go go (Roupa Nova), Marvin e Do seu lado. Ele sai do palco com a camisa lavada em suor, gotejando a cada passo.

Mas não é só a camisa sem mangas da estrela da noite que sai com odores comprometidos. As nossas também. Foi ilusão pensar que a reabertura do Opinião seria mercada por melhorias no ar condicionado. E foi ilusão ainda maior pensar que o som estaria melhor. Como disse antes: tudo vem embolado, e a voz fica comprometida. Violão e baixo ficavam discretíssimos. Os sons mais estridentes ganhavam destaque, como o da guitarra, que ainda assim formava um timbre duvidoso.

As composições conhecidas de Nando Reis, cantadas em coro, bem como sua performance e de sua banda salvaram a noite. E que noite! Para o Opinião, sem dúvida, foi um ótimo início de temporada, embora não por próprios méritos. A casa ainda depende de um cantor extrovertido e com um grande leque de sucessos decorados pelo público para fazer um grande show. A música continua em segundo plano. E a gente sabe que Porto Alegre merece muito mais que isso.

*Alexandre Lucchese é escritor e jornalista e pode ser apedrejado em A Primeira Pedra

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