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domingo, 25 de março de 2012
[agência pirata] POSTO, LOGO EXISTO
::txt::Martha Medeiros::
Começam a pipocar alguns debates sobre as consequências de se passar tanto tempo conectado à internet. Já se fala em “saturação social”, inspirado pelo recente depoimento de um jornalista do “The New York Times” que afirmou que sua produtividade no trabalho estava caindo por causa do tempo consumido por Facebook, Twitter e agregados, e que se vê hoje diante da escolha entre cortar seus passeios de bicicleta ou “alguns desses hábitos digitais que estão me comendo vivo”.
Antropofagia virtual. O Brasil, pra variar, está atrasado (aqui, dois terços dos usuários ainda atualizam seus perfis semanalmente), pois no resto do mundo já começa a ser articulado um movimento de desaceleração dessa tara por conexão: hotéis europeus prometem quartos sem wi-fi como garantia de férias tranquilas, empresas americanas desenvolvem programas de softwares que restringem o acesso a web, e na Ásia crescem os centros de recuperação de viciados em internet. Tudo isso por uma simples razão: existir é uma coisa, viver é outra.
Penso, logo existo. Descartes teria que reavaliar esse seu cogito, ergo sum, pois as pessoas trocaram o verbo pensar por postar. Posto, logo existo.
Tão preocupadas em existir para os outros, as pessoas estão perdendo um tempo valioso em que poderiam estar vivendo, ou seja, namorando, indo à praia, trabalhando, viajando, lendo, estudando, cercados não por milhares de seguidores, mas por umas poucas dezenas de amigos. Isso não pode ter se tornado tão obsoleto.
Claro que muitos usam as redes sociais como uma forma de aproximação, de resgate e de compartilhamento — numa boa. Se a pessoa está no controle do seu tempo e não troca o virtual pelo real, está fazendo bom uso da ferramenta. Mas não tem sido a regra. Adolescentes deixam de ir a um parque para ficarem trancafiados em seus quartos, numa solidão disfarçada de socialização. Isso acontece dentro da minha casa também, com minhas filhas, e não adianta me descabelar, elas são frutos da sua época, os amigos se comunicam assim, e nem batendo com um gato morto na cabeça delas para fazê-las entender que a vida está lá fora. Lá fora!! Não me interessa que elas existam pra Tati, pra Rô, pro Cauê. Quero que elas vivam.
O grau de envolvimento delas com a internet ainda é mediano e controlado, mas tem sido agudo entre muitos jovens sem noção, que se deixam fotografar portando armas, fazendo sexo, mostrando o resultado de suas pichações, num exibicionismo triste, pobre, desvirtuado. São garotos e garotas que não se sentem com a existência comprovada, e para isso se valem de bizarrices na esperança de deixarem de ser “ninguém” para se tornarem “alguém”, mesmo que alguém medíocre.
Casos avulsos, extremos, mas estão aí, ao nosso redor. Gente que não percebe a diferença entre existir e viver. Não entendem que é preferível viver, mesmo que discretamente, do que existir de mentirinha para 17.870 que não estão nem aí.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
[do além] POSTANDO E ANDANDO
::txt::Montaigne::
Provavelmente você já ouviu falar de mim, mas não está familiarizado com minhas ideias. Sou como aquele ator da novela das 7 que você conhece e não sabe o nome. A culpa não é sua e nem mesmo da escola em que estudou. A rede mundial de computadores é a responsável por meu ostracismo. Sou mais uma das vítimas da internet, assim como a indústria fonográfica, os segredos diplomáticos, os veículos impressos e o tempo livre.
Pode procurar. Você não encontrará um aplicativo para Facebook que salpique minhas frases em murais. Minha filosofia não vai bem com redes sociais. Também pudera. Em um ensaio intitulado Da Solidão, dediquei-me a investigar os perigos intelectuais e morais de se viver entre os outros e cheguei a algumas conclusões que aqui simplificarei para não subtrair seu precioso tempo de convívio social virtual.
Basicamente eu concluí que a conquista da Glória só não é uma coisa tola para o Tarcísio Meira e o Orlando Morais. Para chegar a esse resultado, percorri o seguinte caminho. Acompanhe: 1. Nossa tranquilidade depende do desprendimento em relação à opinião dos outros. 2. Se buscarmos fama que é a glória aos olhos alheios devemos buscar sua opinião favorável. 3. Portanto, se buscamos a fama, não alcançaremos o desprendimento. 4. Logo, a fama e a tranquilidade nunca podem ser companheiras.
Além da perda da tranquilidade, preocupar-se em demasia com a opinião dos outros acaba por nos corromper. Passamos a imitar aqueles que não são bons ou nos enchemos de raiva contra eles. Quando você vê, em nome de agradar, está repetindo opiniões impensadas e que nem são suas, como: “esse bando de vagabundo gosta mesmo é de ser sustentado pelo Bolsa Família”. “O cinema argentino é melhor que o brasileiro porque os portenhos leem mais.”
Andy Warhol trouxe mais intranquilidade ao planeta quando prometeu 15 minutos de fama para todo mundo. Agora todos cobram sua parte postando fotos, textos e imagens nas redes sociais em uma busca desesperada por likes, comments, shares e RTs. Mesmo o mais despretensioso dos posts, aquele que só dá bom dia para os amigos, não quer passar desapercebido. Mesmo o mais neutro comentário sobre uma partida de futebol, aquele que diz “que jogo”, almeja ouvir vozes concordantes. Uma fotinho de criança, então, não fica contente com menos do que uma dúzia de comentários exultantes e gritinhos onomatopeicos.
Sustento e repito que a busca e a manutenção de uma reputação flamejante é algo que causa grande perturbação e nos afasta da tranquilidade. E pode se tornar um vício sem fim. O cigarro pede ao fumante uma nova dose de nicotina a cada 20 minutos. O like pede ao postador que ele não saia da frente da tela. É uma escravidão permanente.
Não pretendo incentivar você a largar as redes sociais. Isso nem o doutor Drauzio Varella em campanha conseguiria. Mas sugiro que, vez ou outra, procure praticar o desapego. Com pequenos comentários ocasionais, você pode experimentar o ódio e o desprezo de seus amigos e assim se libertar da asfixiante vontade de agradar. Escreva, por exemplo, que você é a favor da construção da Usina de Belo Monte ou que vê valor na saga Crepúsculo.
Espero que você tenha gostado deste post. Quer dizer, não espero nada, para mim tanto faz. Estou pouco me lixando para sua opinião. Nossa, que vacilo, preciso praticar mais minha filosofia.
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
[do além] INSENSATO VALE TUDO
::txt::Pedro Collor::
Ao ser indagado por qual razão o impeachment sofrido por meu irmão não constava da galeria de imagens históricas do chamado Túnel do Tempo do Senado, onde são expostos fatos marcantes da política nacional, o presidente da casa, José Sarney, justificou dizendo que o episódio foi "apenas um acidente" na história do Brasil. Como sempre digo, os caras-pintadas marcaram uma época. Mas os caras de pau são permanentes. A gritaria foi grande. Vozes da imprensa se indignaram. Entidades civis repudiaram. Houve um clamor para que o absurdo fosse corrigido. Até o Fernando, atual colega de Ribamar, deve ter pedido para que seu nome voltasse para a galeria. Sua vaidade não liga para julgamentos morais.
A correção foi feita. A derrocada collorida voltou à exposição. Ótimo. Mas umas poucas tabuletas expostas num corredor do Senado não são suficientes para refrescar a memória nacional. A nação já esqueceu do arsenal de histórias inacreditáveis reveladas por mim antes e depois do impeachment. Revelações que me custaram caro. Fui processado por calúnia e danos morais. Me vi obrigado a realizar exames psiquiátricos para confirmar minha saúde mental. Sofri ameaças veladas. Mamãe me afastou do controle das empresas da família. Botei a boca no trombone porque estava sendo subtraído dos bons negócios. Eu era o irmão do presidente,mas o PC é que era tratado como brother.
Tanto sacrifício parece ter sido em vão. Os caras-pintadas, que poderiam ser portadores dessas histórias, estão ocupados demais em ganhar a vida e cuidar de suas fazendinhas nas redes sociais. Temos problemas em registrar políticos e períodos lamentáveis. O curioso é que gostamos de lembrar que não temos memória. Disso nunca esquecemos. Por isso, pensei que uma maneira de eternizar minha contribuição seria transformar as revelações em uma novela das 8. Ingredientes não faltam: briga de irmãos, traição, drogas, homossexualismo, magia negra, corrupção, crimes, chantagens, maldade explícita e núcleo pobre (população). Alguns acontecimentos teriam de ser suavizados para se tornarem críveis e adequados à faixa horária de exibição. Sacrificaríamos cenas como a dos supositórios de cocaína, mas levaríamos ao ar o primeiro beijo gay. Se Dado Dolabella não estiver ocupado batendo em alguém, poderia muito bem encarnar o protagonista.
A novela Vale Tudo é de 1988. Entrou no ar quatro anos antes do impeachment. Mesmo assim segue viva na cabeça dos brasileiros, volta e meia frequenta os Trending Topics do Twitter. Até as novas gerações sabem quem foi Odete Roitman. Estamos falando de algo que resiste há 23 anos na memória coletiva. O Fernando ficou inelegível por oito anos. Foi tirado da Presidência em 1992 e voltou a ocupar um cargo eletivo em 2006.Ou seja, apenas 14 anos depois de ter protagonizado as maiores barbaridades e ter provocado uma mobilização nacional sem precedentes.
Pode parecer uma ideia absurda. Mas me embrulha o estômago, depois de tudo que revelei, vê-lo de volta ao poder e ser protegido por seus pares. Não tem jeito, é preciso apelar para esse recurso dramático. Já tenho até uma sugestão de nome para essa possível novela: Caim Roxo. Te cuida, Aguinaldo.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
[cc] O FUTURO DA INTERNET NÃO ESTÁ AQUI
::txt::Laurence Lessig::
Imagine um alcoólatra. Não aquele que não para em pé de tão bêbado ou que frequente os Alcoólicos Anônimos. É só o alcoólatra comum, que luta para controlar o vício. Mas ele tem, além do álcool, outro vício. Não se trata de um vício debilitante. E ele não é um ex-viciado em drogas. Ele apenas tem, também, um outro vício que continua a puxá-lo em outra direção, afastando-o do que ele quer fazer. Uma pessoa com dois vícios, que a puxam em direções diferentes, tornando-a vulnerável, suscetível às tentações de ambos. Para ela, resta aprender a regular esses vícios e ser capaz de mantê-los sob controle.
Sugiro essa imagem porque acredito que ela é uma representação bastante fiel dos governos democráticos modernos. Eles têm dois vícios distintos. São constantemente puxados pela loucura, uma loucura parcial, que emerge quando as pessoas o pressionam a fazer aquilo que não é do interesse público. Pense no peronismo ou no populismo que inflou bolhas nos bancos e no mercado imobiliário dos EUA. Por outro lado, há o vício nos interesses especiais — vamos chamá-los de titulares — que submetem constantemente o governo à tentação de fazer alguma insensatez nas políticas públicas com o objetivo velado de beneficiar esses titulares. E, ao menos nos EUA, esse vício afetou o debate de praticamente todos os grandes temas da administração pública. Diante destas forças submetendo o Estado a uma constante tentação, o governo vê-se numa posição sempre vulnerável.
Inovação. Pois bem, a internet é uma plataforma, uma arquitetura que acarreta consequências, que possibilita a inovação. Pensemos em alguns exemplos da história da inovação na internet: o Netscape foi criado por um desistente da faculdade; o Hotmail, por um imigrante indiano e vendido à Microsoft por US$ 400 milhões; o ICQ, por um garoto israelense cujo pai tentou vender o programa à AOL por US$ 400 milhões; o Google, por dois jovens que pularam fora de Stanford; o Napster, por um desistente e por alguém que nem teve a oportunidade de se tornar um desistente da faculdade, e que está presente aqui hoje; o YouTube, por dois alunos de Stanford; o Kazaa e o Skype, por jovens da Dinamarca e da Suécia; e, finalmente, Facebook e Twitter, inventados por jovens.
O que elas têm em comum? Todas foram criadas por jovens, que largaram os estudos ou não são norte-americanos. Foi para eles que a nova arquitetura abriu as portas. Tratou-se de um convite à inovação vinda de fora. Ora, a inovação vinda de fora é uma ameaça aos titulares.
O Skype ameaça empresas de telefonia; o YouTube, emissoras de TV; o Netflix, operadoras de TV a cabo; o Twitter ameaça à sanidade, mas a sanidade nunca teve titular. E então os ameaçados respondem à ameaça. E sua tática é apelar ao viciado – o governo democrático moderno — e chantageá-lo com sua droga preferida. No caso dos EUA, a oferta ilimitada de recursos para financiar campanhas políticas. A droga garante aos titulares proteção contra as ameaças.
Acredito que foi essa a questão levantada pelo jornalista e ativista Jeff Jarvis ao sugerir que os governos se limitassem a “não causar males” à internet.
Não atrapalhem. O presidente Sarkozy ouviu a sugestão, não a aceitou, mas reconheceu que há neste debate questões importantes de medidas públicas. Mas aí é que está. Já percebemos que há “questões importantes de medidas públicas” em debate. O problema é que não confiamos nas respostas que o governo dá. E temos boas razões para isso, afinal, a resposta dada pelo governo democrático moderno é aquela que por acaso beneficia os titulares. A resposta que poderia encorajar ainda mais a inovação é ignorada.
Pensemos nos direitos autorais: é claro que precisamos de um sistema de direitos autorais que garanta aos criadores a compensação por seu trabalho e também a independência de sua criatividade. A questão não é se os direitos autorais devem ser protegidos ou não. A pergunta é como proteger os direitos autorais na era digital. A arquitetura dos direitos autorais, criada para o século 19, faz sentido no século 21? Como seria uma arquitetura que faria sentido hoje? Será que é esta a pergunta que o governo se faz?
Acho que a resposta é “não”. Em vez disso, a proposta dos governos democráticos modernos de todo o mundo, e em especial da França, pode ser definida pela lógica irracional do limite das três infrações, que por acaso beneficia os titulares.
O potencial inovador que poderia surgir de uma nova arquitetura de proteção aos direitos autorais está sendo ignorado. Não sou só eu que digo isto. O recente relatório Hargreaves, elaborado pelo governo conservador britânico, diz: “Será possível que leis criadas há mais de três séculos com o objetivo claro de proporcionar incentivos econômicos para a inovação por meio da proteção aos direitos dos criadores estariam hoje obstruindo a inovação e o crescimento econômico?” Sim.
O relatório segue: “No caso das políticas para os direitos autorais, não resta dúvida que o poder de persuasão de celebridades e importantes empresas britânicas associadas à criatividade distorceu o resultado das políticas elaboradas.” E isso não ocorre só na Grã-Bretanha.
Pensemos nas políticas para a banda larga. A Europa foi bastante bem sucedida na promoção da concorrência no ramo do acesso de banda larga, e isto impulsionou o crescimento desse mercado. Neste aspecto, os EUA foram um grande fracasso. O país, antes no topo do ranking de difusão do acesso via banda larga, ocupa agora uma posição que varia de 18ª a 28ª, dependendo dos critérios adotados. Essa mudança foi o resultado de políticas que prejudicaram a concorrência entre provedores de banda larga.
A resposta dos provedores de banda larga, trazidas por eles ao governo, fez que as leis os beneficiassem, destruindo os incentivos para que concorressem entre si de uma forma que estimulasse a difusão do acesso de banda larga.
O mínimo. Diante de exemplos como estes, é perfeitamente justo manifestar amplo ceticismo em relação às respostas oferecidas pelos governos democráticos modernos. Devemos alertá-los para que tomem cuidado com as soluções políticas apresentadas pelos titulares. Afinal, o trabalho dos titulares não é o mesmo que o trabalho do governante.
O trabalho deles, titulares, é buscar o lucro individual. O trabalho do governante é garantir o bem público. E é justo que afirmemos o seguinte: enquanto esse vício não for solucionado, devemos insistir no minimalismo em tudo aquilo que o governo fizer. O minimalismo a que Jarvis se referia quando falou em “não causar males”.
Uma internet que adote os princípios do acesso livre e gratuito, uma rede neutra, para proteger o ‘outsider’, o forasteiro. O futuro da internet não está aqui. Não é o Google nem o Facebook. Ele não foi convidado e nem sabe como ser, pois ainda não conhece em fóruns como este. O mínimo que podemos fazer é preservar a arquitetura dessa rede que protege este futuro que não está aqui.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
[cc] TSUNAMI E OS JORNAIS ESCRITOS À MÃO
::txt::Andrew Higgins::
Ninguém se comunica pelo Twitter, blogs ou e-mail. As pessoas também não usam telefone. Sem eletricidade, gasolina e gás, a cidade, traumatizada pelo tsunami, está fazendo as coisas realmente à maneira antiga: usando papel e caneta. Incapaz de operar sua impressora do século 20 – os computadores, então, nem pensar –, website ou celulares 3G, os jornalistas do único jornal de Ishinomaki, o Hibi Shimbun, escrevem seus artigos à mão com canetas hidrográficas em grandes folhas de papel branco. Ao contrário do que ocorre com a mídia moderna, o método tem funcionado. "As pessoas que sofrem uma tragédia como essa precisam de alimentos, água, mas também de informação", disse Hiroyuki Takeuchi, chefe de reportagem do Hibi Shimbun. "Elas estavam habituadas a se informar pela TV e pela internet, mas quando não há eletricidade, a única coisa que têm é o nosso jornal."
Embora a recente agitação política que toma conta do mundo árabe tenha realçado o poder das novas mídias, a miséria no Japão, um dos países mais conectados do mundo, fez a comunicação retroceder no tempo. Durante alguns dias, pelo menos, a palavra escrita à mão e impressa atingiu o auge. Depois de escrever e editar os artigos, Takeuchi e outros da equipe copiam suas matérias à mão em folhas de papel para distribuí-las em centros de ajuda de emergência que acolhem os sobreviventes do pior terremoto sofrido pelo país e do tsunami que se seguiu. "Eles estavam desesperados por informações", disse Takeuchi, que durante dez dias após o tsunami dormiu na redação do jornal, uma vez que as águas inundaram o andar térreo de sua casa. Com a eletricidade de volta para um terço dos 160 mil moradores da cidade, o jornal deixou de lado a caneta e voltou a ser impresso.
Informações vitais
O acesso à internet, porém, ainda não está disponível. Na segunda-feira (21/3), a capa do jornal elogiava um "resgate milagroso": a história de uma senhora de 80 anos e de seu neto de 16, retirados de sua casa destroçada.
Na costa, em Sendai, uma cidade antes próspera de mais de 1 milhão de habitantes, a irresistível força digital também ficou interrompida. "Em condições como essas, nada tem o poder do papel", disse Masahiko Ichiriki, presidente e dono do Kahoku Shimpo, principal jornal da cidade.
Edição especial. Com muitas lojas fechadas, as pessoas não conseguem comprar baterias para seus rádios. O colapso do sistema elétrico provocou o desligamento de computadores e aparelhos de TV, mas o jornal continua sendo publicado o tempo todo. Chegou até a trazer uma edição especial, de uma página, na noite do tsunami. "Os moradores, famintos por informação, dependem do nosso jornal como um salva-vidas", disse. O Kahoku Shimpo fornece não apenas notícias sobre a catástrofe, mas também informações vitais sobre que lojas têm alimentos, quais estradas já estão transitáveis, que bancos têm dinheiro em caixa e quais filiais de uma conhecida loja de bebidas foram reabertas.
"O pior é não ter nenhuma informação"
Em Ishinomaki, cidade menor do que Sendai, porém mais destruída, o Hibi Shimbun não foi publicado por dois dias após o tsunami. Um dos seis jornalistas foi arrastado dentro do carro pelas águas quando voltava de um compromisso. Ele sobreviveu e, depois de alguns dias no hospital, voltou ao trabalho. Hiroyuki Takeuchi estava em seu escritório na hora do terremoto, às 14h46n do dia 11 de março. Tinha acabado de concluir a edição do dia, que trazia um artigo de capa sobre os "encantos ocultos" de Ishinomaki e as promessas das autoridades para a reforma do hospital e outras instalações. O terremoto sacudiu de maneira tão forte os dois andares do prédio do jornal que as lâmpadas fluorescentes caíram do teto e os armários tombaram no chão.
A primeira edição escrita à mão, preparada no dia 13 de março, trouxe como manchete a promessa de "tentar e obter informações mais precisas possíveis sobre a tragédia". E informou sobre a chegada de equipes de socorro de todo o Japão e sobre a extensão da devastação. Casas e empresas situadas à beira-mar foram destruídas. Mais de 30 mil pessoas procuraram refúgio em abrigos. "Agora, conhecemos a extensão total dos danos", era um dos títulos da edição.
No dia seguinte, o jornal trouxe o nome e a idade de 34 moradores da área cujos corpos haviam sido identificados. Informou também sobre um roubo em um supermercado, um sinal do desespero da cidade. "Os jornalistas, porém, procuraram levantar o ânimo da população", disse Takeuchi. "Procuramos coisas que dessem esperança. Essa é a nossa filosofia." Segundo ele, o jornal deixou de publicar nomes de pessoas mortas porque o número de vítimas continuou crescendo. Mais de 1,3 mil corpos foram encontrados. Todo o esforço ajudou a preencher o vazio deixado pela ausência da mídia eletrônica. "Viver sem eletricidade ou água e pouca comida é muito duro", disse Yutaka Iwasava, de 25 anos, morador de Ishinomaki. "Mas o pior é não ter nenhuma informação." Iwasava disse que, desde o tsunami, não conseguiu mais acessar seu e-mail nem navegar na internet.
Ninguém se comunica pelo Twitter, blogs ou e-mail. As pessoas também não usam telefone. Sem eletricidade, gasolina e gás, a cidade, traumatizada pelo tsunami, está fazendo as coisas realmente à maneira antiga: usando papel e caneta. Incapaz de operar sua impressora do século 20 – os computadores, então, nem pensar –, website ou celulares 3G, os jornalistas do único jornal de Ishinomaki, o Hibi Shimbun, escrevem seus artigos à mão com canetas hidrográficas em grandes folhas de papel branco. Ao contrário do que ocorre com a mídia moderna, o método tem funcionado. "As pessoas que sofrem uma tragédia como essa precisam de alimentos, água, mas também de informação", disse Hiroyuki Takeuchi, chefe de reportagem do Hibi Shimbun. "Elas estavam habituadas a se informar pela TV e pela internet, mas quando não há eletricidade, a única coisa que têm é o nosso jornal."
Embora a recente agitação política que toma conta do mundo árabe tenha realçado o poder das novas mídias, a miséria no Japão, um dos países mais conectados do mundo, fez a comunicação retroceder no tempo. Durante alguns dias, pelo menos, a palavra escrita à mão e impressa atingiu o auge. Depois de escrever e editar os artigos, Takeuchi e outros da equipe copiam suas matérias à mão em folhas de papel para distribuí-las em centros de ajuda de emergência que acolhem os sobreviventes do pior terremoto sofrido pelo país e do tsunami que se seguiu. "Eles estavam desesperados por informações", disse Takeuchi, que durante dez dias após o tsunami dormiu na redação do jornal, uma vez que as águas inundaram o andar térreo de sua casa. Com a eletricidade de volta para um terço dos 160 mil moradores da cidade, o jornal deixou de lado a caneta e voltou a ser impresso.
Informações vitais
O acesso à internet, porém, ainda não está disponível. Na segunda-feira (21/3), a capa do jornal elogiava um "resgate milagroso": a história de uma senhora de 80 anos e de seu neto de 16, retirados de sua casa destroçada.
Na costa, em Sendai, uma cidade antes próspera de mais de 1 milhão de habitantes, a irresistível força digital também ficou interrompida. "Em condições como essas, nada tem o poder do papel", disse Masahiko Ichiriki, presidente e dono do Kahoku Shimpo, principal jornal da cidade.
Edição especial. Com muitas lojas fechadas, as pessoas não conseguem comprar baterias para seus rádios. O colapso do sistema elétrico provocou o desligamento de computadores e aparelhos de TV, mas o jornal continua sendo publicado o tempo todo. Chegou até a trazer uma edição especial, de uma página, na noite do tsunami. "Os moradores, famintos por informação, dependem do nosso jornal como um salva-vidas", disse. O Kahoku Shimpo fornece não apenas notícias sobre a catástrofe, mas também informações vitais sobre que lojas têm alimentos, quais estradas já estão transitáveis, que bancos têm dinheiro em caixa e quais filiais de uma conhecida loja de bebidas foram reabertas.
"O pior é não ter nenhuma informação"
Em Ishinomaki, cidade menor do que Sendai, porém mais destruída, o Hibi Shimbun não foi publicado por dois dias após o tsunami. Um dos seis jornalistas foi arrastado dentro do carro pelas águas quando voltava de um compromisso. Ele sobreviveu e, depois de alguns dias no hospital, voltou ao trabalho. Hiroyuki Takeuchi estava em seu escritório na hora do terremoto, às 14h46n do dia 11 de março. Tinha acabado de concluir a edição do dia, que trazia um artigo de capa sobre os "encantos ocultos" de Ishinomaki e as promessas das autoridades para a reforma do hospital e outras instalações. O terremoto sacudiu de maneira tão forte os dois andares do prédio do jornal que as lâmpadas fluorescentes caíram do teto e os armários tombaram no chão.
A primeira edição escrita à mão, preparada no dia 13 de março, trouxe como manchete a promessa de "tentar e obter informações mais precisas possíveis sobre a tragédia". E informou sobre a chegada de equipes de socorro de todo o Japão e sobre a extensão da devastação. Casas e empresas situadas à beira-mar foram destruídas. Mais de 30 mil pessoas procuraram refúgio em abrigos. "Agora, conhecemos a extensão total dos danos", era um dos títulos da edição.
No dia seguinte, o jornal trouxe o nome e a idade de 34 moradores da área cujos corpos haviam sido identificados. Informou também sobre um roubo em um supermercado, um sinal do desespero da cidade. "Os jornalistas, porém, procuraram levantar o ânimo da população", disse Takeuchi. "Procuramos coisas que dessem esperança. Essa é a nossa filosofia." Segundo ele, o jornal deixou de publicar nomes de pessoas mortas porque o número de vítimas continuou crescendo. Mais de 1,3 mil corpos foram encontrados. Todo o esforço ajudou a preencher o vazio deixado pela ausência da mídia eletrônica. "Viver sem eletricidade ou água e pouca comida é muito duro", disse Yutaka Iwasava, de 25 anos, morador de Ishinomaki. "Mas o pior é não ter nenhuma informação." Iwasava disse que, desde o tsunami, não conseguiu mais acessar seu e-mail nem navegar na internet.
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
[agência pirata] HASHTAGS NÃO DERRUBAM GOVERNOS
::txt::Tiago Dória::
Acreditar que a internet, por si só, fortalece a democracia é uma ideia tão simplória quanto achar que a queda de um governo autoritário sempre dá lugar a um democrático.
E mais, ao contrário do consenso geral, governos totalitários perceberam que o mundo mudou. Notaram que estão em um mundo de abundância de informação e que bloquear urls é coisa do passado. Hoje, usam formas bem mais sutis de censurar as vozes dissidentes.
Nessa história toda, o governo do Egito é uma exceção. Percebeu muito tarde que é mais eficiente monitorar a internet a bloquear o seu acesso.
A melhor forma de censurar a internet é não a censurar, explica o pesquisador em política e internet Evgeny Morozov, em seu polêmico e recém-lançado livro The Net Delusion (432 páginas/Editora PublicAffairs).
A leitura do livro de Morozov chegou em boa hora para mim. Não apenas por que o autor está presente na mídia, ficando assim mais fácil acompanhar a sua linha de pensamento, mas também por Net Delusion funcionar como um contraponto necessário em meio à certa histeria sobre o papel da internet nos recentes conflitos no Egito.
Segundo Morozov, nossa noção de censura na internet ainda tem como base a ideia de “bloquear/não bloquear”, lógica que, a rigor, não faz mais sentido hoje em dia. Cada vez mais, governos como os da China, Irã e Síria estão respondendo à internet de maneira diferente, utilizando-a em seu favor, para fortalecer os seus governos.
O que é natural acontecer, pois quando a censura à rede se torna impraticável ou politicamente indefensável, governos autoritários passam a usá-la para propaganda ou, em casos mais extremos, como uma ferramenta de monitoramento da população.
Um exemplo dessa mudança de postura é o venezuelano Hugo Chavez, que até abril de 2010 considerava a internet e o Twitter “ferramentas terroristas contra-revolucionárias dos EUA”. Mas, depois, ao perceber o potencial da internet para promoção pessoal e propaganda de seu governo, passou a aceitá-la, chegando a montar um perfil no Twitter.
Do mesmo modo, censurar blogs está virando coisa do passado na China e no Irã. É mais negócio criar um exército de blogueiros pró-governo e contratar pessoas para entupir blogs e redes de microblogs com perfis falsos e comentários a favor do governo (50 Cent Party).
Os efeitos são parecidos. E o objetivo é sufocar a oposição na web por meio de uma avalanche de conteúdo. Combater conteúdo com conteúdo e não com escassez de informações.
Não é sem motivos que os governos da China e do Irã estão por trás de investimentos em diversos sites e blogs de gosto duvidoso, que, claro, apóiam os respectivos governos.
Para os olhos internacionais é uma solução amigável, mantém-se uma aparência de liberalização; mas, na verdade, sufoca as vozes dissidentes no plano interno.
“Terceirizar a censura” também tem se tornado prática comum. Forçar as empresas de internet a se autocensurar ou, aceitando a censura oficial, praticá-la diretamente. Vide a Google forçada a filtrar resultados da busca na China, em 2009. Empresas internacionais oferecem resistência a essa prática, mas com medo de perderem mercado acabam cedendo. Com empresas locais não há com o que se preocupar. Muitas recebem subsídios estatais e acatam as ordens.
Conforme Morozov, isso é um problema, pois em muitos países totalitários há preferência pela utilização de serviços locais.
Uma das novas formas mais simples de sufocar as vozes dissidentes é justamente se aproveitar das características da web, como a descentralização. Em ambientes descentralizados é bem mais fácil espalhar boatos.
Durante os protestos em Teerã, em 2009, por exemplo, o governo iraniano usou o Twitter para propagar boatos e dessa maneira colocar a população em pânico e passar uma visão de que os protestos não eram tão populares. Enquanto a imprensa no Ocidente glorificava o papel do Twitter, ativistas no país pediam que não se usasse o serviço de microblogging como fonte de informação, devido à enorme quantidade de boatos.
Ainda durante os mesmos conflitos, o governo iraniano colocou no ar um site com fotos dos protestos e pediu que a população ajudasse a identificar as pessoas nas imagens. Crowdsourcing a favor da repressão.
O que Morozov mais destaca é o quanto os governos estão percebendo o enorme valor das informações publicadas espontaneamente nas redes sociais. Nisso, o monitoramento desses espaços é constante.
Informações que, antigamente, os serviços secretos do Irã e da China demoravam dias para filtrar, hoje facilmente podem ser encontradas nessas plataformas.
Com a onda do botão “curtir” no Facebook então, a navegação ficou menos anônima. Basta entrar no perfil de uma pessoa para saber por onde ela andou navegando (ou “curtindo”) nos últimos dias. Na Síria, já se fala que o Facebook é um grande banco de dados para o governo.
Em janeiro de 2010, Ahmadi Maghaddam, chefe da polícia iraniana, disse que “as novas tecnologias permitem identificar conspiradores sem a necessidade de controlar individualmente cada pessoa”
E, no próprio Egito, na semana passada, ativistas da oposição orientaram as pessoas a parar de utilizar o Facebook e o Twitter e priorizar o email, mais difícil de ser monitorado.
O governo da China, por sua vez, já está flertando com técnicas de data mining para analisar tendências em um nível macro nas redes sociais.
Por isso, na visão de Morozov, ao contrário do que os fundadores do Facebook e do Twitter dão a entender, as plataformas de redes sociais são uma faca de dois gumes para quem é dissidente.
Por um lado, dá mais visibilidade internacional. Mas, por outro, deixa mais vulnerável quem as utiliza.
É comum as pessoas serem presas no Irã, Nigéria e China com base em informações publicadas em seus perfis em redes sociais.
Em suma, Morozov mostra o que as “Wireds” e os “Mashables da vida” não costumam revelar – o lado B da internet, o que acontece quando a rede é utilizada para fortalecer a propaganda, censurar e vigiar a população em governos autoritários.
Por tal motivo, o pesquisador acredita que a internet não é inerentemente democrática. Tudo depende em qual contexto a tecnologia é usada. Em um país que tem uma base política e cultural democrática, ela tenderá a ser usada para fortalecer a democracia. Em um país que não possui nada disso, ela poderá reforçar o autoritarismo.
Enfim, para compreender o raciocínio de Morozov é necessário entender que ele vai contra o chamado “determinismo tecnológico”, linha de pensamento atual muito comum. Para o pesquisador, é a política, e principalmente a cultura e a economia, que moldam como usaremos uma tecnologia, e não o contrário. A internet não é algo autônomo, com vida própria e acima dos indivíduos. Ela, na verdade, está inserida dentro de um contexto que define os seus usos e os seus efeitos na sociedade.
E é exatamente essa visão que dá combustível para Morozov criticar a recente política externa americana, que, segundo ele, assume uma postura errada ao posicionar a internet como solução para todos os males e ao utilizar Facebook, Google e Twitter como ferramentas dessa política (vide a última capa da Foreign Affairs sobre o “poder político das mídias sociais” e os últimos discursos de Barack Obama e Hillary Clinton).
Morozov entende que essa politização da Web 2.0 mais atrapalha do que ajuda. Quanto mais Facebook, Twitter e Google forem vistos como ferramentas da política externa americana, maior o risco de serem censurados em países com governos ditatoriais.
Além disso, para Morozov, esse tipo de política é simplória, pois, no desejo de tornar menos complexo o discurso (internet vs ditaduras), acaba tentando resolver um problema político, cultural e econômico (governos autoritários) com uma solução tecnológica (acesso a Twitter e Facebook).
Ou seja, trata um grande problema como se fosse pequeno.
O pesquisador acredita que, em parte, isso acontece por que a política externa americana ainda é pautada por padrões da Guerra Fria – quanto mais acesso à informação, pior para governos autoritários. Tipo de leitura que o pesquisador considera imprecisa, mas presente em todas as análises sobre a internet, principalmente nas produzidas pela imprensa ocidental.
Nem sempre acesso à informação torna as pessoas mais politizadas. Na China, a maioria dos usuários usa a rede para baixar filmes pirateados dos EUA e não para acessar informações políticas. Na Rússia, os blogs mais visitados não são os políticos. Pelo contrário, são os de humor e sexo.
Na Alemanha Oriental, as poucas pessoas que tinham acesso a redes de TV ocidentais usavam-nas, principalmente, para assistir seriados como Dallas e Miami Vice. (Até hoje, nos círculos de pensadores americanos, acredita-se que o Muro de Berlim caiu por causa da TV e não em razão de um processo, fruto de anos de descontentamento político e econômico).
Um dos muitos destaques de Net Delusion se dá quando Morozov analisa por que, muitas vezes, o ativismo facilitado pelas redes sociais faz muito barulho, mas resulta em quase nada. Haja vista aqui, no Brasil, o #forasarney (Sarney está mais presente do que nunca na política brasileira).
É interessante essa parte do livro, pois Morozov fala da sua própria experiência. O autor acompanhou de perto o ativismo online na Bielorrússia, sua terra natal.
Segundo ele, existem exceções, mas muitas vezes esse tipo de ciberativismo não apresenta resultados, visto que se preocupa muito com a mobilização (juntar seguidores no Twitter e amigos no Facebook) e pouco com a ação (depois de conseguir 10 mil seguidores e fãs na página do Facebook, o que vai fazer? Enviar spam com conteúdo político para todo mundo?).
A capacidade de mobilizar ainda está encantando os ciberativistas, embora a capacidade de agir seja bem mais importante.
Outra questão exposta é a de que, na maioria das vezes, esse tipo de ativismo acontece por motivos que nada têm a ver com ideais ou causas políticas, mas sobretudo para impressionar os amigos e criar uma identidade online. A rede social favorece isso. Vou participar por que os meus amigos estão participando. Vou participar para mostrar que não sou alienado, e não falo apenas bobagens no Twitter.
Para Morozov (foto acima), o resultado é uma baixa taxa de comprometimento e uma alta quantidade de participantes. Combinação nociva para qualquer movimento.
Quanto maior o grupo, menor a pressão para apresentar resultados (se eu não fizer nada, ninguém vai perceber já que tem tanta gente mesmo). Ou seja, se não existem meios de mensurar a participação de cada em um movimento, os efeitos são mínimos.
Por essa razão, nas plataformas de redes sociais, é muito fácil você “fazer a sua parte”, basta usar uma hashtag, mudar a cor da foto em seu perfil, e pronto!
De acordo com o pesquisador, revoluções exigem 3 coisas – disciplina, líderes e comprometimento. E isso você não encontra nas redes sociais que nivelam todo mundo na horizontal.
Em questão de segundos e de forma indolor, você pode deixar de apoiar uma causa no Facebook, sem qualquer comprometimento ou remorso. As plataformas de redes sociais são um dos poucos ambientes onde, ao mesmo tempo, você pode apoiar todas ou nenhuma causa, conclui Morozov.
Pelo que tenho percebido, por tratar de temas polêmicos, Net Delusion caminha para o mesmo fim de Free, de Chris Anderson – tornar-se um livro mal compreendido.
Em nenhum momento, Morozov afirma que a internet não tem capacidade de fortalecer a democracia. Pelo contrário, ele acredita que os dissidentes devem sim utilizar Twitter e Facebook, mas desde que estejam familiarizados com os riscos. A tecnologia de “cloud computing”, por exemplo, é algo que Morozov acredita estar ajudando os opositores.
Em essência, o livro não vai de encontro a este ou aquele país, mas sim contra o “determinismo tecnológico” (de achar que a internet tem um papel determinante em tudo). Para Morozov, essa linha de pensamento pode ter efeitos nocivos para a democracia, ao tentar resolver problemas que são muito mais sociais, culturais e econômicos com uma mera solução tecnológica.
Esse “determinismo” estaria afastando-nos das questões essenciais, como a de que governos autoritários morrem por causa de problemas políticos e econômicos. Em regra, se a economia está boa, dificilmente um governo cai.
Para quem é da área de tecnologia, Net Delusion tem uma lição sutil e interessante.
Constitui um erro descontextualizar uma tecnologia, quando se analisa seus efeitos e seu poder de gerar mudanças. Em certos contextos, algumas tecnologias podem causar mais efeitos, e outros, não.
Muitas vezes, por acharmos que uma tecnologia é autônoma, com vida própria, não compreendemos por que ela dá resultados em uma empresa e em outras não. Por que os blogs em alguns países servem mais para polarizar do que informar. Por que uma “ação genial” dá certo com um cliente e com outro não. Por que a internet fortalece a democracia em alguns países, ao contrário de outros.
Não é por que uma tecnologia produziu um efeito em um dado ambiente que, necessariamente, ele se reproduzirá em outros. Enfim, o que define os efeitos de uma tecnologia é o contexto no qual ela é utilizada, e não “poderes mágicos” que supostamente lhe sejam atribuídos.
Compreender isso é importante para utilizar a internet não somente com fins comerciais, mas também como meio efetivo de fortalecimento da democracia.
Acreditar que a internet, por si só, fortalece a democracia é uma ideia tão simplória quanto achar que a queda de um governo autoritário sempre dá lugar a um democrático.
E mais, ao contrário do consenso geral, governos totalitários perceberam que o mundo mudou. Notaram que estão em um mundo de abundância de informação e que bloquear urls é coisa do passado. Hoje, usam formas bem mais sutis de censurar as vozes dissidentes.
Nessa história toda, o governo do Egito é uma exceção. Percebeu muito tarde que é mais eficiente monitorar a internet a bloquear o seu acesso.
A melhor forma de censurar a internet é não a censurar, explica o pesquisador em política e internet Evgeny Morozov, em seu polêmico e recém-lançado livro The Net Delusion (432 páginas/Editora PublicAffairs).
A leitura do livro de Morozov chegou em boa hora para mim. Não apenas por que o autor está presente na mídia, ficando assim mais fácil acompanhar a sua linha de pensamento, mas também por Net Delusion funcionar como um contraponto necessário em meio à certa histeria sobre o papel da internet nos recentes conflitos no Egito.
Segundo Morozov, nossa noção de censura na internet ainda tem como base a ideia de “bloquear/não bloquear”, lógica que, a rigor, não faz mais sentido hoje em dia. Cada vez mais, governos como os da China, Irã e Síria estão respondendo à internet de maneira diferente, utilizando-a em seu favor, para fortalecer os seus governos.
O que é natural acontecer, pois quando a censura à rede se torna impraticável ou politicamente indefensável, governos autoritários passam a usá-la para propaganda ou, em casos mais extremos, como uma ferramenta de monitoramento da população.
Um exemplo dessa mudança de postura é o venezuelano Hugo Chavez, que até abril de 2010 considerava a internet e o Twitter “ferramentas terroristas contra-revolucionárias dos EUA”. Mas, depois, ao perceber o potencial da internet para promoção pessoal e propaganda de seu governo, passou a aceitá-la, chegando a montar um perfil no Twitter.
Do mesmo modo, censurar blogs está virando coisa do passado na China e no Irã. É mais negócio criar um exército de blogueiros pró-governo e contratar pessoas para entupir blogs e redes de microblogs com perfis falsos e comentários a favor do governo (50 Cent Party).
Os efeitos são parecidos. E o objetivo é sufocar a oposição na web por meio de uma avalanche de conteúdo. Combater conteúdo com conteúdo e não com escassez de informações.
Não é sem motivos que os governos da China e do Irã estão por trás de investimentos em diversos sites e blogs de gosto duvidoso, que, claro, apóiam os respectivos governos.
Para os olhos internacionais é uma solução amigável, mantém-se uma aparência de liberalização; mas, na verdade, sufoca as vozes dissidentes no plano interno.
“Terceirizar a censura” também tem se tornado prática comum. Forçar as empresas de internet a se autocensurar ou, aceitando a censura oficial, praticá-la diretamente. Vide a Google forçada a filtrar resultados da busca na China, em 2009. Empresas internacionais oferecem resistência a essa prática, mas com medo de perderem mercado acabam cedendo. Com empresas locais não há com o que se preocupar. Muitas recebem subsídios estatais e acatam as ordens.
Conforme Morozov, isso é um problema, pois em muitos países totalitários há preferência pela utilização de serviços locais.
Uma das novas formas mais simples de sufocar as vozes dissidentes é justamente se aproveitar das características da web, como a descentralização. Em ambientes descentralizados é bem mais fácil espalhar boatos.
Durante os protestos em Teerã, em 2009, por exemplo, o governo iraniano usou o Twitter para propagar boatos e dessa maneira colocar a população em pânico e passar uma visão de que os protestos não eram tão populares. Enquanto a imprensa no Ocidente glorificava o papel do Twitter, ativistas no país pediam que não se usasse o serviço de microblogging como fonte de informação, devido à enorme quantidade de boatos.
Ainda durante os mesmos conflitos, o governo iraniano colocou no ar um site com fotos dos protestos e pediu que a população ajudasse a identificar as pessoas nas imagens. Crowdsourcing a favor da repressão.
O que Morozov mais destaca é o quanto os governos estão percebendo o enorme valor das informações publicadas espontaneamente nas redes sociais. Nisso, o monitoramento desses espaços é constante.
Informações que, antigamente, os serviços secretos do Irã e da China demoravam dias para filtrar, hoje facilmente podem ser encontradas nessas plataformas.
Com a onda do botão “curtir” no Facebook então, a navegação ficou menos anônima. Basta entrar no perfil de uma pessoa para saber por onde ela andou navegando (ou “curtindo”) nos últimos dias. Na Síria, já se fala que o Facebook é um grande banco de dados para o governo.
Em janeiro de 2010, Ahmadi Maghaddam, chefe da polícia iraniana, disse que “as novas tecnologias permitem identificar conspiradores sem a necessidade de controlar individualmente cada pessoa”
E, no próprio Egito, na semana passada, ativistas da oposição orientaram as pessoas a parar de utilizar o Facebook e o Twitter e priorizar o email, mais difícil de ser monitorado.
O governo da China, por sua vez, já está flertando com técnicas de data mining para analisar tendências em um nível macro nas redes sociais.
Por isso, na visão de Morozov, ao contrário do que os fundadores do Facebook e do Twitter dão a entender, as plataformas de redes sociais são uma faca de dois gumes para quem é dissidente.
Por um lado, dá mais visibilidade internacional. Mas, por outro, deixa mais vulnerável quem as utiliza.
É comum as pessoas serem presas no Irã, Nigéria e China com base em informações publicadas em seus perfis em redes sociais.
Em suma, Morozov mostra o que as “Wireds” e os “Mashables da vida” não costumam revelar – o lado B da internet, o que acontece quando a rede é utilizada para fortalecer a propaganda, censurar e vigiar a população em governos autoritários.
Por tal motivo, o pesquisador acredita que a internet não é inerentemente democrática. Tudo depende em qual contexto a tecnologia é usada. Em um país que tem uma base política e cultural democrática, ela tenderá a ser usada para fortalecer a democracia. Em um país que não possui nada disso, ela poderá reforçar o autoritarismo.
Enfim, para compreender o raciocínio de Morozov é necessário entender que ele vai contra o chamado “determinismo tecnológico”, linha de pensamento atual muito comum. Para o pesquisador, é a política, e principalmente a cultura e a economia, que moldam como usaremos uma tecnologia, e não o contrário. A internet não é algo autônomo, com vida própria e acima dos indivíduos. Ela, na verdade, está inserida dentro de um contexto que define os seus usos e os seus efeitos na sociedade.
E é exatamente essa visão que dá combustível para Morozov criticar a recente política externa americana, que, segundo ele, assume uma postura errada ao posicionar a internet como solução para todos os males e ao utilizar Facebook, Google e Twitter como ferramentas dessa política (vide a última capa da Foreign Affairs sobre o “poder político das mídias sociais” e os últimos discursos de Barack Obama e Hillary Clinton).
Morozov entende que essa politização da Web 2.0 mais atrapalha do que ajuda. Quanto mais Facebook, Twitter e Google forem vistos como ferramentas da política externa americana, maior o risco de serem censurados em países com governos ditatoriais.
Além disso, para Morozov, esse tipo de política é simplória, pois, no desejo de tornar menos complexo o discurso (internet vs ditaduras), acaba tentando resolver um problema político, cultural e econômico (governos autoritários) com uma solução tecnológica (acesso a Twitter e Facebook).
Ou seja, trata um grande problema como se fosse pequeno.
O pesquisador acredita que, em parte, isso acontece por que a política externa americana ainda é pautada por padrões da Guerra Fria – quanto mais acesso à informação, pior para governos autoritários. Tipo de leitura que o pesquisador considera imprecisa, mas presente em todas as análises sobre a internet, principalmente nas produzidas pela imprensa ocidental.
Nem sempre acesso à informação torna as pessoas mais politizadas. Na China, a maioria dos usuários usa a rede para baixar filmes pirateados dos EUA e não para acessar informações políticas. Na Rússia, os blogs mais visitados não são os políticos. Pelo contrário, são os de humor e sexo.
Na Alemanha Oriental, as poucas pessoas que tinham acesso a redes de TV ocidentais usavam-nas, principalmente, para assistir seriados como Dallas e Miami Vice. (Até hoje, nos círculos de pensadores americanos, acredita-se que o Muro de Berlim caiu por causa da TV e não em razão de um processo, fruto de anos de descontentamento político e econômico).
Um dos muitos destaques de Net Delusion se dá quando Morozov analisa por que, muitas vezes, o ativismo facilitado pelas redes sociais faz muito barulho, mas resulta em quase nada. Haja vista aqui, no Brasil, o #forasarney (Sarney está mais presente do que nunca na política brasileira).
É interessante essa parte do livro, pois Morozov fala da sua própria experiência. O autor acompanhou de perto o ativismo online na Bielorrússia, sua terra natal.
Segundo ele, existem exceções, mas muitas vezes esse tipo de ciberativismo não apresenta resultados, visto que se preocupa muito com a mobilização (juntar seguidores no Twitter e amigos no Facebook) e pouco com a ação (depois de conseguir 10 mil seguidores e fãs na página do Facebook, o que vai fazer? Enviar spam com conteúdo político para todo mundo?).
A capacidade de mobilizar ainda está encantando os ciberativistas, embora a capacidade de agir seja bem mais importante.
Outra questão exposta é a de que, na maioria das vezes, esse tipo de ativismo acontece por motivos que nada têm a ver com ideais ou causas políticas, mas sobretudo para impressionar os amigos e criar uma identidade online. A rede social favorece isso. Vou participar por que os meus amigos estão participando. Vou participar para mostrar que não sou alienado, e não falo apenas bobagens no Twitter.
Para Morozov (foto acima), o resultado é uma baixa taxa de comprometimento e uma alta quantidade de participantes. Combinação nociva para qualquer movimento.
Quanto maior o grupo, menor a pressão para apresentar resultados (se eu não fizer nada, ninguém vai perceber já que tem tanta gente mesmo). Ou seja, se não existem meios de mensurar a participação de cada em um movimento, os efeitos são mínimos.
Por essa razão, nas plataformas de redes sociais, é muito fácil você “fazer a sua parte”, basta usar uma hashtag, mudar a cor da foto em seu perfil, e pronto!
De acordo com o pesquisador, revoluções exigem 3 coisas – disciplina, líderes e comprometimento. E isso você não encontra nas redes sociais que nivelam todo mundo na horizontal.
Em questão de segundos e de forma indolor, você pode deixar de apoiar uma causa no Facebook, sem qualquer comprometimento ou remorso. As plataformas de redes sociais são um dos poucos ambientes onde, ao mesmo tempo, você pode apoiar todas ou nenhuma causa, conclui Morozov.
Pelo que tenho percebido, por tratar de temas polêmicos, Net Delusion caminha para o mesmo fim de Free, de Chris Anderson – tornar-se um livro mal compreendido.
Em nenhum momento, Morozov afirma que a internet não tem capacidade de fortalecer a democracia. Pelo contrário, ele acredita que os dissidentes devem sim utilizar Twitter e Facebook, mas desde que estejam familiarizados com os riscos. A tecnologia de “cloud computing”, por exemplo, é algo que Morozov acredita estar ajudando os opositores.
Em essência, o livro não vai de encontro a este ou aquele país, mas sim contra o “determinismo tecnológico” (de achar que a internet tem um papel determinante em tudo). Para Morozov, essa linha de pensamento pode ter efeitos nocivos para a democracia, ao tentar resolver problemas que são muito mais sociais, culturais e econômicos com uma mera solução tecnológica.
Esse “determinismo” estaria afastando-nos das questões essenciais, como a de que governos autoritários morrem por causa de problemas políticos e econômicos. Em regra, se a economia está boa, dificilmente um governo cai.
Para quem é da área de tecnologia, Net Delusion tem uma lição sutil e interessante.
Constitui um erro descontextualizar uma tecnologia, quando se analisa seus efeitos e seu poder de gerar mudanças. Em certos contextos, algumas tecnologias podem causar mais efeitos, e outros, não.
Muitas vezes, por acharmos que uma tecnologia é autônoma, com vida própria, não compreendemos por que ela dá resultados em uma empresa e em outras não. Por que os blogs em alguns países servem mais para polarizar do que informar. Por que uma “ação genial” dá certo com um cliente e com outro não. Por que a internet fortalece a democracia em alguns países, ao contrário de outros.
Não é por que uma tecnologia produziu um efeito em um dado ambiente que, necessariamente, ele se reproduzirá em outros. Enfim, o que define os efeitos de uma tecnologia é o contexto no qual ela é utilizada, e não “poderes mágicos” que supostamente lhe sejam atribuídos.
Compreender isso é importante para utilizar a internet não somente com fins comerciais, mas também como meio efetivo de fortalecimento da democracia.
domingo, 28 de novembro de 2010
[noéspecial] PÁTRIA SERTANEJA INDEPENDENTE
::txt::Tiago Jucá Oliveira::
Querer uma discussão sobre Cangaço, Canudos, Balaiada e Palmares não é exatamente a função destas próximas linhas, muito menos colocar quatro (ou até mais) importantes acontecimentos históricos bem diferenciados uns dos outros num mesmo (sic) balaio. Seus ideais, apesar de distintos, ecoaram no Pelourinho. O grupo Olodum teve a ousadia de unir os focos rebeldes citados acima numa mesma letra, “Revolta Olodum”, na qual proclama a independência do sertão:
“Retirante ruralista, lavrador/ Nordestino Lampião, salvador/ Pátria Sertaneja, independente/ Antônio Conselheiro, em Canudos presidente/ Zumbi em Alagoas comandou/ Exército de ideal, libertador/ Sou mandinga balaiada/ Sou malê/ Sou búzios, sou revolta/ Arerê/ Ô Corisco, Maria Bonita mandou te chamar/ É o vingador de Lampião/ Êta cabra da peste/ Pelourinho, Olodum/ Somos do Nordeste”.
Observe o fator “nordeste” na letra. É a região mais pobre do país e seu povo é o mais discriminado. De longa data, muito antes da Mayara Petruso, nordestino é visto como burro, preguiçoso, etc, por uma boa parcela da sociedade (o twitter nos provou isso em pleno ano de 2010). A reação muitas vezes (pelo menos em Fortaleza é comum) se dá em adesivos pra carros e camisetas com a frase “orgulho de ser nordestino”. Ou em letras tipo essa do Olodum. Da exaltação regional à proclamação da Pátria Sertaneja.
Ao contrário de movimentos sudestinos e sulistas, que pregam sepaatismo pra ser livrar da vagabundagem nordestina que puxa a média dos índices sociais e econômicos pra baixo, o manifesto do Olodum enxerga méritos em heróis que lutaram contra injustiças cometidas pela própria sociedade em que estão inseridos. O inimigo não é um catarinense ou um paulista, e sim o soldado e o senhor de engenho. A briga não é com outros estados, e sim contra o Estado que o oprime e reprime. Em comum entre cangaço, messianismo e quilombos é que todos eles foram aniquilados pelo Estado. As vítimas sociais do coronelismo acabaram vitimizadas novamente, pagando com a vida por querer viver com independência, livre, com suas regras internas.
A situação dos estados do Nordeste se agravou quando o centro econômico do Brasil se transferiu para as regiões Sul e Sudeste, isto na metade do século XIX. O Nordeste, relata Rui Facó em “Cangaceiros e Fanáticos”, “com seus arraigados remanescentes feudais e acentuada debilidade técnica, foi perdendo terreno em todos domínios”. Darci Ribeiro enxerga algo parecido: “entre o poder federal e a massa flagelada pela seca medeia a poderosa camada senhorial dos coronéis, que controla toda vida do sertão, monopolizando não só as terras e o gado, mas as posições de mando e as oportunidades de trabalho que enseja a máquina governamental”, diz em “O Povo Brasileiro”.
O “separatismo” do Olodum, se é que assim podemos dizer sobre algo que não traz nenhum preconceito regional em seus manifestos, traz fortes elementos da questão racial. Em “Cabra da Peste”, cangaço e pelourinho se confundem: “A história consagrou/ Cangaceiro e trovador, nordestino/ É Zumbi, é Ganagazumba/ É a luta do pelô/ Oh xente amor”.
Quem conhece Salvador sabe que a consciência negra é muito explícita. E que se possível fosse, a Pátria Sertaneja seria um país africano dentro do Brasil. Mas isso já é outro papo, que não cabe aqui nem numa letra do Olodum. Axé!
quinta-feira, 29 de julho de 2010
terça-feira, 8 de junho de 2010
sexta-feira, 26 de março de 2010
MUSSUM VIVE
#a vida como ela noé
"Se Deus tivesse mandado "O Dilúvio" de cachaça ao invés de água, não seria um penitencia, seria uma bençãozis!"
txt e ntrvst: Tiago Jucá Oliveira
Na vida real, Mussum foi um dos artistas mais engraçados que este país já teve. Quem não lembra do "mé", do "cacildiz" ou do "quero morrer pretis se for mentiriz". No twitter, Mussum foi reencarnado por Leandro, técnico mecânico e estudante de engenharia de produção. O perfil de @MussumAlive talvez não seja tão engraçado quanto o do @ocriador, afinal de contas este encarna o pai de todos. Mas @MussumAlive é mais simpático e interage com seus seguidores constantemente. Prova disso é que vai chegar nos 50 mil seguidores logo mais (tomara que possamos ajudar a chegar lá). Se o Mussum verdadeiro era a expressão da simpatia típica do povo brasileiro, mais exatamente um negão, torcedor da Mangueira e do Flamengo e chegado num mé, o @MussumAlive não deixaria de imitar esse dom que conquistou o Brasil. Abaixo, o bate papo que acabei de ter com ele no GTalk.
Você é da onde? O que faz alem de twittar coisas engraçadiz?
Eu sou de SP, sou técnico mecânico, e estudo engenharia de produção.
Por que você escolheu o Mussum? Qual sua idade? Pegou o apogeu dele nos 80?
Eu tenho 27 anos, e escolhi o Mussum, por ele representar muito a minha infancia, e por que quando eu resolvi criar um perfil fake eu estava ouvindo bastante originais do Samba
De onde tu tira tanta bobagem engraçada? Você posta muita coisa por dia, e sempre damos uma risada.
Eu crio geralmente do meu dia-a-dia, coisas que eu vejo, e imagino o que o mussum diria se estivesse vendo aquilo...
Chegado num mé também?
Também sou chegado no Mé, preciso de inspiração para o personagem né?? kkkkkk
Kkkkkkk. São 46 mil seguidores no twitter. É uma responsa né, pois quem te segue quer rir. Existe algum apoio financeiro pra vc disponibilizar seu tempo e criar?
Graças a deus, meus 46 mil seguidores que considero como amigos, por isso acho que é mais natural, eu não me sinto pressionado a fazer algo engraçado nenhum apoio, eu faço tudo nas minhas horas vagas, e não-vagas as vezes
Legal isso, pois vc responde a todos e também os segue
Quem você considera o melhor twitter?
De humor?
É, pode ser de humor
Bom, em humor, os que mais me fazem rir são: @rafinhabastos e @ocriador.
Sai uma piadinha ae em primeira mão brincando com nosso nome?
"Se Deus tivesse mandado "O Dilúvio" de cachaça ao invés de água, não seria um penitencia, seria uma bençãozis!"
Maravilha, Cacildiz!
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
CARTA PRA XUXA
# agência pirata #
Twitter Training (uma carta aberta à Xuxa)
txt: Ana Carolina Moreno
Querida Xuxa,
Eu nasci em 1982, então faça as contas para ter a certeza de que sim, eu já tive um microfone de chuquinhas, sabia de cor a coreografia das músicas de Super Xuxa contra o baixo astral, cantava “meu verde, que te quero, pro mundo virar mais criança” imitando o sotaque carioca e meu sonho era me enterrar em uma montanha de cartas na minha “casa” no Jardim Botânico. (Demorei demais para me tocar que Jardim Botânico era só o bairro onde ficava o seu estúdio…)
Em nome dos nossos velhos tempos, resolvi te dar duas dicas sobre o que eu aprendi depois de uns 20 meses de Twitter:
1- A grosseria é a regra, e não a exceção.
Construímos no Twitter brasileiro uma comunidade que aproveita a desculpa dos 140 caracteres para deixar de lado a educação. Como não cabe tudo em uma mensagem, preferimos usar o espaço com conteúdo que expressa apenas o nosso lado negativo. Nos acostumamos apenas a falar mal dos outros (busque por #vergonhaalheia ou “Preguiça de gente que…”), como se nós fôssemos perfeitos, nunca cometêssemos erros no trabalho ou alguma mancada com algum amigo. Adoramos diminuir nosso país em relação ao resto mundo (#braziu) como se fôssemos bons demais para ele, e de maneira nenhuma tivéssemos qualquer responsabilidade pelo seu estado atual e futuro. Só rimos de nós mesmos (#faiô) quando é uma situação tragicômica ou um deslize menor, sem importância, que mostra o quanto somos perfeitamente humanos.
Portanto, não estranhe que as pessoas esperem da sua filha um rigor gramático infalível que eles mesmos não possuem. O melhor é se acostumar a isso, e entender que elas só estão praticando o cômodo hábito de seguir o rebanho e engrossar o caldo da intolerância como forma de distração até a próxima passeata de ovelhas. É difícil quebrar a rotina.
2- A culpa é um pouco tua.
Quando eu digo tua, não é especificamente tua, mas sim do sistema midiático, do qual você se beneficia, criado em torno das celebridades que faz com que os “reles mortais” criem um complexo de inferioridade. Que, pelo teor das mensagens que você tem recebido no Twitter, está profundamente enraizado na personalidade de todos nós, que nunca brincamos em uma montanha de cartas, a não ser que elas fossem de mentira, nem marcamos a infância de milhões de pessoas em todo o mundo, ou aparecemos perfeitas em fotos de revistas, nem damos autógrafos diariamente e, ainda menos, tivemos programas infantis simultâneos em vários continentes.
Nós, que deixamos de te idolatrar depois da infância, podemos seguir dois caminhos: sentir compaixão pela maneira tão tipicamente terrível como você foi recebido no Twitter, ou ajudar a fortalecer ainda mais a fama de tratores sem freio que aperfeiçoamos diariamente atrás do monitor. Quase todos seguem o segundo caminho porque é a nossa única oportunidade de nos sentirmos melhores que você. Tenho certeza que você entende como é se sentir mais amada e bem sucedida que os outros. Essa foi a nossa vez.
A tecnologia permite que agora a gente possa fazer mais barulho do que a mera presença em uma montanha de cartinhas. Nossas mensagens não estão mais destinadas ao papel coadjuvante de voar entre seus cabelos e quem sabe raspar nos seus dedos antes de cair no esquecimento. Muito menos a vergonha de ser enterrada lá embaixo e nunca mais ver a luz do dia. Uma piadinha sagaz pode percorrer todo o país em questão de minutos. E o “seu jeitinho” já virou um clássico, é irreversível, achei legal você dizer que não vai processar ninguém porque o sistema judicial e a tecnologia são atualmente incompatíveis.
A melhor maneira de sair dessa é aprender a não se deixar afetar por essa raiva que chega tão mais perto do que a interação com o público à qual você estava acostumada. E, se você me permite essa liberdade, eu diria que a sua filha, se não a quiser preservar de tudo isso, precisa de um treinamento intenso, com especialistas de verdade, para aprender não só a usar essas ferramentas, mas também quais são as suas conseqüências. E, aproveitando essa carta sobre o passado para pensar no futuro, eu te peço que por favor explique à sua filha que, quando ela começar a namorar e o fulano sugerir fazer umas fotos ou vídeos mais “adultos”, que ele nunca mostraria pra ninguém, ela tem que imediatamente chutar o cara de casa. Mostre esse caso e esse outro, mais antigo, pra ela entender que NUNCA esse material permanecerá em segredo. Bom, são só alguns exemplos mais ou menos recentes…
quarta-feira, 15 de julho de 2009
TRENT REZNOR
# agência pirata #
Tentando singrar na Web sem a ajuda de uma editora? O mestre Trent Reznor ajuda
txt: Miguel Caetano
Deduzo que por esta altura já todos os artistas que são leitores regulares do Remixtures tenham na sua mente alguns dos princípios fundamentais sobre como fazer carreira por si próprio na era da música online. É claro que sobreviver sem um contrato discográfico com uma grande editora discográfica é bastante mais fácil em mercados mais vastos e com um circuito autosustentável de música ao vivo (com festivais, rádios especializadas em música, salas de concertos, etc.) como o brasileiro.
Mesmo assim, isto não significa que nós, portugueses, tenhamos sempre que nos sujeitar aos ditames de um qualquer executivo encafuado algures num escritório de Madrid ou Barcelona. Muito pelo contrário, as possibilidades da vossa música chegar a todo o mundo nunca foram tão grandes como hoje, independentemente do que os “velhos do Restelo” proclamam.
Foi a pensar naqueles que só agora estão a dar os primeiros passos numa carreira por conta própria recorrendo apenas às ferramentas gratuitas – ou quase… – que a Web oferece que Trent Reznor dos Nine Inch Nails decidiu publicar no fórum da banda uma série de dicas de autopromoção online.
Na sua opinião, o modelo de oferecer música grátis sem DRM e cobrar por artigos escassos e de edição limitada pode e deve ser seguido por todos aqueles artistas independentes que não aspiram ao estatuto de super-estrelas como Lady GaGa, Coldplay, U2 ou Justin Timberlake.
Aliás, ele diz que se o que um artista ou uma banda quer mesmo ser uma vedeta desse calibre o que melhor que tem a fazer é mesmo assinar um contrato com uma major. Mas não há bela sem senão: a fama implica inevitavelmente ceder boa parte dos direitos das suas músicas, bem como uma percentagem significativa das suas fontes de receitas, para além – é claro – do controlo criativo sobre o seu trabalho.
Reznor diz para pôrem de lado a ideia de que vão ganhar algum dinheiro decente com as vendas de discos e aconselha os artistas independentes a não gastarem muito dinheiro com a gravação do disco (sem que isto afecte a qualidade) de modo a oferecerem-no sob a forma de MP3s sem DRM e com uma elevada qualidade.
De forma a fazer com que a vossa música chegue a todo o lado, ele aconselha o recurso à distribuidora digital TuneCore, assim como à Amazon e à TopSpin, uma empresa que desenvolve sites e edições especiais – uma das mais recentes foi a reedição do álbum Ill Communication (1994) dos Beastie Boys.
Apesar de recomendar a criação de uma página no MySpace, ele considera que é mais importante manter um site regularmente actualizado com conteúdos multimédia mas livre de todas as animações e fantochadas em Flash de modo a fazer com que as pessoas regressem mais vezes a ele e a criar uma comunidade em seu torno (através de um fórum, por exemplo). Para além disso, ele aconselha ainda que as bandas filmem vídeos baratos e criem páginas pessoais em toda a panóplia de redes sociais (Twitter, YouTube, Flickr, Vimeo e SoundCloud. Por último, ele recomenda ainda que não abusem das suas mailing lists.
Numa actualização recente, o frontman dos Nine Inch Nails aproveitou ainda para criticar o modelo “pague o que quiser” popularizado pelos Radiohead com a sua experiência em Outubro de 2007 aquando do lançamento do seu álbum In Rainbows:
Eu odeio este conceito (…) Alguns argumentaram que oferecer música de borla desvaloriza a música. Eu discordo. Pedir às pessoas a sua opinião a respeito do valor da sua música desvaloriza a música. Não acreditam em mim? Componham e gravem algo que consideram bestial e disponibilizem-no ao público segundo um modelo “pague-o-que-pensa-que-isto-vale” e depois conversamos. Lêem um comentário de um “fã” que tenta justificar porque é que o vosso álbum só vale 50 cêntimos porque ele apenas gosta de cinco músicas. Confiem em mim – vocês ficarão desapontados e acabarão por ficar a odiar uma facção da vossa audiência. Isto é a vossa arte! Isto é a vossa vida! Tem um valor e vocês, os artistas, não deixarão que esse poder passe para as mãos da vossa audiência – fazê-lo cria um grave problema de percepção (…) Não se deixem enganar pelo golpe promocional do In Rainbows dos Radiohead. Isto apenas funciona uma só vez e com uma única banda – e vocês não são os Radiohead.
Realmente, mais uma vez tiro o chapéu ao senhor Reznor. Ele sabe como comunicar directamente com o seu público. Independentemente da coerência das críticas tecidas aos Radiohead, o que é facto é que ele demonstrou ter um discurso muito mais maduro do que a atitude simultaneamente infantil mas típica de um artista em decadência que Robert Smith dos The Cure adoptou.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
MARIJUANA
# agência pirata #
L'erba di Twitter
txt: Claudio Tamburrino
Roma - Un collettivo artistico sta sfruttando a pieno le potenzialità dei social network, e in particolare del micro-blogging di Twitter, per battere la concorrenza nell'affollato mercato californiano della distribuzione di marijuana per finalità mediche.
La Proposition 215 dello Stato della California permette ad organizzazioni no profit di produrre, coltivare e vendere marijuana per scopi medici. Se con l'amministrazione Bush questa norma era ritenuta in conflitto con la legge antidroga federale, con Obama vige una certa tolleranza che ha permesso il proliferare di organizzazioni senza scopo di lucro che si stanno facendo concorrenza per la loro dose di mercato.
Artists collective è il collettivo che sta sfruttando i social network al pieno del loro potenziale per ritagliarsi uno spazio: oltre alla visibilità così ottenuta offrono un servizio di consegna gratuito (ma solo nella contea di Los Angeles) e del tutto legale: verificano che la marijuana sia stata prescritta dal medico e che il paziente abbia una carta d'identità californiana. Si presentano come qualcosa di lievemente diverso dagli altri: vogliono racimolare 10mila dollari di donazioni per creare opportunità per i loro artisti, scrittori e musicisti.
Hanno creato un sito internet, una pagina su Facebook e una su Myspace , ma solo con Twitter hanno raggiunto la popolarità: "Siano aperti da sei mesi e solo nelle ultime due settimane con l'account di Twitter qualcuno ha iniziato ad interessarsi a noi" ha detto Dann Halem, direttore del collettivo. I 140 caratteri concessi sembrano d'altronde un ottimo mezzo di pubblicità: inframmezzando micro-blogging divertenti a vere e proprie promozioni sono riusciti a guadagnarsi l'attenzione che richiedevano, anche cavalcando il successo di popolarità del sito.
terça-feira, 30 de junho de 2009
UM NOVÍSSIMO JORNALISMO
# agência pirata #
Jornalismo em um mundo em transição
txt: Ronaldo Lemos
art: Andy Warhol
Em paralelo às notícias da morte do Rei do Pop, outra notícia que ganhou destaque em menor escala foi a de que as TVs, os rádios e os jornais do mundo foram "furados" pelo site TMZ, especializado em fofocas de celebridades.
Enquanto a mídia tradicional lutava contra o tempo para confirmar a morte do astro, o TMZ já proclamava que ele havia sofrido uma parada cardíaca. E, pouco tempo depois, destemidamente afirmava que Jackson havia morrido.
Essa notícia paralela chama a atenção por pelo menos dois pontos. O primeiro é o mais óbvio. A internet, em toda a sua diversidade e complexidade, estabelece um canal direto muito mais rápido para a produção de notícias. Cada vez mais, ela terá impacto mais direto na esfera pública.
A criação de "notícias", antes privilégio da mídia tradicional, tornou-se e irá se tornar cada vez mais descentralizada, valendo-se de Twitter, Facebook, YouTube, blogs, celulares e o que vier depois. Esse fato, em si, chama para a reinvenção da mídia tradicional. É preciso se reinventar para não se tornar caixa de ressonância do que todo mundo já ficou sabendo antes. Já vi teses de doutorado e editores de jornal dizendo que a situação atual é a inversa. Que a internet é a caixa de ressonância da mídia tradicional. Há um quinhão de verdade nisso. Mas a tendência, como o caso Michael Jackson denota, é que a situação se inverta.
O segundo ponto é verificar que o TMZ, que vem sendo apontado como herói das "novas mídias", na verdade é ligado à Time-Warner. Nada mais mídia tradicional do que isso. No entanto, vale notar que seu formato é muito mais próximo de um blog/tablóide do que de um jornal tradicional.
É como se o navio Time-Warner tivesse lançado uma lancha de alta velocidade no oceano das notícias. Essa "lancha" não tem as amarras do jornalismo tradicional, pode se mover a uma velocidade muito maior e, sobretudo, não tem de obedecer aos protocolos de segurança do grande navio.
Em outras palavras, as regras de cautela, apuração e confiabilidade não são as mesmas para o site. Ele pode correr riscos. E, por conta disso, por ser um produto híbrido entre nova e velha mídia, talvez tenha sido destemido ao afirmar com tanta segurança a morte de Michael Jackson.
A morte de Michael Jackson e a forma como foi noticiada simbolizam um mundo em transição. Ninguém sabe ainda para onde irá o jornalismo e como será formada a esfera pública nos próximos anos. E os desafios são enormes. Como reinventar não só as formas de participação, mas também uma ética nova para a rede, uma ética que não seja nem ingênua nem obsoleta? E que não seja imposta, mas sim construída.
O fato é que não existe marcha a ré nesse processo, para desespero dos saudosistas e das viúvas do velho mundo. Vamos ter de aprender a reinventar tudo a 1.000 quilômetros por hora. É hora de experimentação. É hora de renovação de paradigmas. E de lembrar que o mundo em que foi possível existir alguém como Jackson não existe mais.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
VIAGRA
# umbigada #
O remédio que nos broxou
txt: Noé
Uma surpresa desagradável se bateu sobre a redação na tarde de ontem. Através do Twitter, o usuário Moacir Lourenço pergunta ao amigo Mdcsuinge: "hackearam o site do diluvio?". Aqui acreditávamos que era alguma piada, pois a resposta de Mdcsuingue era "NÃO, é só a capa do @Odiluvio que traz o erê-encosto midiático da temporada. É a Maisa Flex...". Mesmo assim perguntamos a Moacir o que se passava, já um tanto cansado de responder a todos que tiram onda da última capa da revista. A resposta comum tem sido: "julgar uma revista pela sua capa é um tanto prematuro, tipo dizer que a veja defende os sem-terras toda vez que põe o MST na capa".
Pois bem, o Moacir tava falando sério: "eu clico no link do teu perfil do twitter e vai para o endereço do diluvio, mas aparece uma pagina sobre farmacia on line". E não é que tá lá, bem vistoso, um viagrão em oferta. Ainda não sabemos o que se passa, muito menos como voltar ao normal. Estamos procurando pessoas que sabem mexer com esse tipo de problema. Por enquanto, seguimos por aqui, nosso canal mais fluente. Ah, através da comuna O DILÚVIO no orkut, ficamos sabendo que o site do Lucas Santtana também passou pelo mesmo momento ontem. Invasores, prestigiamos o trabalho de vocês, mas vão brincar assim nos sites dos poderosos, e não aqui nem no Lucas. Bando de broxas!
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