:: txt :: Wladymir Ungaretti ::
Gostaria de dar o nome de alguns desses bundões. Os que com a bunda
pregada diante dos computadores, das modernas redações, são os donos do
mundo.
Andréia vive pelos bares do Mercado Público de Porto Alegre. Quer casar
com um coroa, branco. Promete fidelidade e dedicação. Sempre usou
camisinha. Tem 38 anos. Disse que já foi mais bonita, mas quer voltar a
se cuidar.
Estava tentando levantar uma grana para visitar o filho em
Florianópolis. É super bem humorada. Suas observações sobre os
frequentadores dos bares é de quem sabe tudo da vida. De uma vida
sofrida.
Ele é Paulo Monteiro. Um técnico em enfermagem. Está sumido do emprego.
Deveria estar trabalhando em um hospital de Porto Alegre. Um dos filhos,
o que está com o cartão bancário dele, treina no Grêmio. O outro estuda
para prestar vestibular na medicina. Ele admite que têm problemas de
alcoolismo. Quando fala que está morando na rua começa a chorar. Estava
se preparando para dormir na rua Voluntários da Pátria. Não tinha feito
uma refeição durante todo o dia. Não disse muito mais do que isso. É
super educado.
Anderson Alexandre procurava o que comer no lixo da Avenida
Independência (PA). O iogurte, de todos os potinhos que encontrou,
estava estragado. No máximo conseguiu uma ou outra fruta. Recolheu algum
material de plástico para vender. É mais um morador de rua que vive do
lixo.
Os jornalistas são uns bundões. Pontodevista está sob censura. Gostaria
de dar o nome de alguns desses bundões. Os que com a bunda pregada
diante dos computadores, das modernas redações, são os donos do mundo. O
fotojornalismo é das fotos/divulgação, do material já editado pelas
agências ou das pautas da perfumaria. Não posso fazer nada. É a minha
opinião. O meu final de segunda-feira foi marcado por estas histórias de
vida. Com 78 quilos (quatro a mais que Tarso de Castro) de músculos e
fúria, sem o seu talento, transfiro esta porrada a todos vocês.
Jornalistas bundões um dia serão obrigados a prestar conta das histórias
não contadas. Por nos empanturrarem de tanto lixo perfumado. Todos com
diploma. O jornal “Última Hora” de Porto Alegre, sob a orientação de
Samuel Wainer, começou a circular em fevereiro de 1960. Ninguém tinha
diploma.
Não compre nenhum jornal, pelo menos hoje. Existem melhores textos de
ficção. Lixo ficcional não serve para nada. Intoxica. Os marginais, os
que estão à margem, vão comer os bundões. Qualquer dias desses.
Palavras como estiletes. Quero perfurar a alma das pessoas.
#CADÊ MEU CHINELO?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
#ALGUNS DIREITOS RESERVADOS
blog O DILÚVIO by
O DILÚVIO is licensed under a
Creative Commons Atribuição-Compartilhamento pela mesma Licença 3.0 Brasil License.
Você pode:
- Compartilhar — copiar, distribuir e transmitir a obra.
- Remixar — criar obras derivadas.
Sob as seguintes condições:
-
Atribuição — Você deve creditar a obra da forma especificada pelo autor ou licenciante (mas não de maneira que sugira que estes concedem qualquer aval a você ou ao seu uso da obra).
-
Compartilhamento pela mesma licença — Se você alterar, transformar ou criar em cima desta obra, você poderá distribuir a obra resultante apenas sob a mesma licença, ou sob licença similar ou compatível.
Ficando claro que:
- Renúncia — Qualquer das condições acima pode ser renunciada se você obtiver permissão do titular dos direitos autorais.
- Domínio Público — Onde a obra ou qualquer de seus elementos estiver em domínio público sob o direito aplicável, esta condição não é, de maneira alguma, afetada pela licença.
- Outros Direitos — Os seguintes direitos não são, de maneira alguma, afetados pela licença:
- Limitações e exceções aos direitos autorais ou quaisquer usos livres aplicáveis;
- Os direitos morais do autor;
- Direitos que outras pessoas podem ter sobre a obra ou sobre a utilização da obra, tais como direitos de imagem ou privacidade.
- Aviso — Para qualquer reutilização ou distribuição, você deve deixar claro a terceiros os termos da licença a que se encontra submetida esta obra. A melhor maneira de fazer isso é com um link para esta página.
Nenhum comentário:
Postar um comentário