(ou: secando a RBS)
txt: Eduardo Busss
art: Marexal
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Há algum tempo, o editor me mostrou um emílio do velho mestre Wladimir -olha, meu, não é qualquer um que dá pra chamar de mestre. Ele dava parabéns pela lição de mau-jornalismo que NOÉ estava dando. Que bom que ele sacou isso. Na real, não tem nada melhor do que escrever um texto livre de regras tipo "piramide invertida". Essa foi a pior técnica que o curso de jornalismo me ensinou - talvez isso tenha contribuido pra desistir da profissão. É a tal da coisa pro cara burro, o texto que tu faz pro neguinho ler duas linhas - porra, ou lê ou não lê, e se não lê tudo, falhou de quem escreveu. Como profissionais da escrita podem usar uma técnica tão medíocre?
Voltando ao assunto, a gente ainda está esperimentando uma linguagem pra texto, uma mistura de carta, emílio e jornal sensacionalista, sei lá, é um jeito de escrever que não se preocupa com regras gramaticais ou de acentuação ou pontuação (como os profissionais do jornalismo se preocupamn com essas bobagens... pra isso tem editor, e que bom que o nosso não revisa porra nenhuma), não quer saber se as frases são curtas ou longas, ou se a pirâmide tá pra cima ou pra baixo - é quase uma fala escrita. Demonstra honestidade. Como é bom poder dizer "merda" no meio de um texto. A ZH diria: salário mínimo tem um aumento irrisório. NOÉ diria: salario mínimo tem um aumento de merda.
A línguagem da mídia não-marrom ainda está distante da linguagem popular, mas a tecnologia está modificando essas regras. Começam a surgir lternativas à imprensa tradicional, fora de todos os esquemas dos grandes veículos. Em alguns canais alternativos da internet, estão voltando a aparecer textos com opinião, deixando de lado a pretenciosa imparcialidade do jornalismo tradicional - provavelmente porque quem está escrevendo não é do ramo. Sorte da imprensa que ainda precisamos democratizar a tecnologia nesse país. Ainda vão ganhar dinheiro por algum tempo. Mas vão cair ladeira abaixo. O tombo está só começando. Vamos acompanhar toda a trajetória.
Buss
(N.do E.) texto públicado no saudoso Noé Leva Dor, edição 36 e 38, e-zine tosco que deu origem ao atual império O DILÚVIO. Acredita-se que este texto tenha sido publicado no começo de 2002. Talvez o Buss não pense mais desse jeito, mas o que ele disse continua muito atual. Buss pensou bem e não quis completar o curso de jornalismo. Pena que desistiu DO jornalismo. Ele tinha ótimas inversões de lógica e uma sarcástica pena. Observe o gancho "mau-editor" e como ele se refere ao editor.
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