#CADÊ MEU CHINELO?

Mostrando postagens com marcador Fernando Catatau. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Fernando Catatau. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

[agência pirata] REDEFININDO O ROCK



::txt::Leonardo Lichote::

Vinte anos após seu lançamento,'Nevermind' do Nirvana ganha tributos e reedições luxuosas e tem seu impacto avaliado


Verão carioca de 1993, sol queimando na tarde de cimento do Sambódromo, e a multidão de adolescentes vestia camisas de flanela xadrez - imitando o visual desleixado do Nirvana e de seus colegas grunge de Seattle, atração principal daquela noite de janeiro no Hollywood Rock. O figurino, tão absurdo quanto pertinente, repetido em vários pontos do mundo, era apenas a face mais superficial do impacto que a banda havia causado com seu segundo disco, "Nevermind". O álbum - que completa 20 anos no mês que vem, com um relançamento recheado de material inédito, shows e CDs-tributo espalhados pelo mundo - trazia por baixo do tecido grosso a música que redefiniria os rumos do rock (e da música pop como um todo) dali para a frente. Naquele momento, o mundo queria vestir camisa de flanela e ser "Nevermind", efeito provocado antes por álbuns como "A hard day's night" (Beatles) e "Thriller" (Michael Jackson). Extrapolando fronteiras de geração, canções do álbum foram gravadas por artistas como Paul Anka e Caetano Veloso, que escreveu recentemente em sua coluna no Segundo Caderno: "'Nevermind' é um dos discos que mais amei na vida."

UM BOM ANO: 20 discos incríveis lançados em 1991. Veja aqui

Mas o que o álbum - que teve uma tiragem inicial de 40 mil cópias, ambiciosa então para uma banda alternativa, mas ridícula frente aos 30 milhões que ele venderia - trazia para justificar o sucesso? Ou, mais que isso, sua condição de marco histórico? O jornalista americano Michael Azerrad, autor do livro "Come as you are: a história do Nirvana", aponta algumas razões:

- Parte da explosão do Nirvana se deve a razões clássicas. A banda veio com um álbum bem produzido, de canções de impecável carpintaria, grudentas. Quase todo mundo percebia que a música do Nirvana era poderosa e cheia de alma. O primeiro single do álbum ("Smells like teen spirit") imediatamente soou como uma das grandes canções da história do rock.

Angústia sob melodias pop

Talvez já fosse o suficiente, mas a chave da questão era maior do que a mera qualidade inegável da banda, nota Azerrad.

- Havia muito mais do que isso. Depois de anos de dance-pop vazio, como Milli Vanilli, e hair bands igualmente vazias, como o Warrant, os garotos queriam rock que falasse para eles e sobre eles, em vez de lixo aprovado por um punhado de executivos grisalhos. A música do Nirvana tinha um ponto crucial por trazer muito do underground que os garotos provavelmente conheciam, mas pelo qual não conseguiram se interessar tanto porque era muito cru e pobre em termos de melodia, até então. E não prejudicava o fato de o vocalista ser bonitinho - diz, referindo-se a Kurt Cobain.

O tal vocalista - que se suicidou três anos depois do lançamento do CD - estava no centro da potência da banda, que tinha ainda o baterista Dave Grohl, hoje vocalista dos Foo Fighters, e o baixista Krist Novoselic. E não só por ser "bonitinho", mas sobretudo pela angústia que, sob melodias pop, conseguiu imprimir na voz, na guitarra e nos versos niilistas, cheios de "I don't mind" ("eu não ligo") e "I don't care" ("eu não me importo") e momentos como "Eu estou tão feliz/ Porque hoje encontrei meus amigos/ Eles estão na minha cabeça" e "Eu juro que não tenho uma arma", que completam o romântico chamado "Venha como estiver" ("Come as you are").

- É um disco pop. Todas as melodias ficam na cabeça. Ao mesmo tempo, é bem cru e violento - afirma o baterista Marcelo Callado (Do Amor, BandaCê), que tinha 12 anos quando "Nevermind" foi lançado e aprendeu a tocar guitarra tirando de ouvido as canções do CD, um dos primeiros de sua coleção. - Talvez o alcance da doce porradaria seja seu legado.

Um legado que deixou marcas mesmo em campos insuspeitos da música contemporânea:

- "Nevermind" está em quase toda parte, do ponto de vista musical - diz o jornalista Arthur Dapieve, colunista do Globo. - A tensão e a distensão entre refrão e estrofes viraram lugar-comum. A música vem relativamente calma e explode no refrão. Isso é Nirvana, isso é Kurt Cobain esgarçando suas cordas vocais, isso é "Nevermind". O disco nos apresentou a uma alternativa mais visceral aos deprimidos anos 1980. Depois, mesmo bandas emo, que não têm um pingo de angústia existencial sincera, copiaram a fórmula.
Muito mais do que Kurt esperava. Sua ambição - nada modesta - era ser maior do que os Pixies, banda-referência da cena alternativa. Acabou, ainda em 1991, ultrapassando as vendagens do Guns N' Roses e destronando Michael Jackson e seu "Dangerous" do topo da lista de mais vendidos. E teve, mesmo sobre a geração estabelecida de artistas do rock, um impacto definidor.

- Foi digno de uma bomba nuclear - resume o baterista João Barone, falando sobre como o disco bateu sobre ele e seus colegas de Paralamas do Sucesso. - Ficamos muito impressionados e até aliviados pelo surgimento de um novo trio para realinhar o rock.
Como uma pedra caindo numa piscina, a influência do disco se espalha em ondas.- Muita gente foi filho do "Nevermind", como os Arctic Monkeys - cita o compositor Marcelo Yuka, que lança um olhar político sobre o fenômeno. - Eu fui pego pela sonoridade, mas as letras e a atitude foram o que mais me interessou depois. A atitude de entender o momento que aquela juventude estava vivendo. Na verdade, a juventude americana sofria por ser americana, e isso é um efeito colateral de todo sonho americano. Havia ali uma rebeldia com fundamento, a música expressando um trauma através da guitarra. É de arrepiar!

O guitarrista Dado Villa-Lobos, da Legião Urbana (que teve influências declaradas de Nirvana em alguns momentos do CD "O descobrimento do Brasil", segundo entrevistas do vocalista Renato Russo na época), é mais abstrato ao falar do disco:

- Energia melódica, eletricidade, intensidade 4x4 e algo a dizer da aldeia para o mundo.

Músicos da atual geração do rock brasileiro também louvam "Nevermind", como Fernando Catatau (para o guitarrista do Cidadão Instigado, Kurt é "um dos grandes nomes da música"), Helio Flanders, do Vanguart, que conheceu o álbum alguns anos depois do lançamento ("Eu me lembro de ouvir 'Lithium' pela primeira vez e ter vontade de quebrar a casa toda, me jogar no sofá"), e Pitty:

- Era um disco resgatando a simplicidade e as raízes do punk rock: uma galera meio ensebada, poucos acordes e berros primais. Me identifiquei imediatamente - diz a cantora.

Pitty está num dos tributos a "Nevermind", a coletânea americana "Come as you are". Outro projeto do tipo foi lançado pela revista "Spin", com artistas como Meat Puppets e Vaselines, bandas das quais Kurt era fã. Novoselic, ex-baixista do Nirvana, participará de um show em Seattle no dia 20 de setembro no qual o álbum será tocado na íntegra.

"Nevermind" será relançado pela gravadora Universal em diferentes formatos, do CD simples remasterizado à edição Super Deluxe (com quatro CDs e um DVD), passando pela Deluxe (dupla, com o disco original e outro de raridades e inéditas). O DVD e Blu-ray "Live at the Paramount", com um show gravado em 1991, também chega às prateleiras. Uma forma de manter a influência da banda viva, o legado que ecoa o ensinamento punk de que ter verdade é mais importante do que ter técnica, como destaca Flanders.

- Absurdamente intuitivo, Cobain deixou a arte de que mais gosto: arte bruta. Ele mesmo bradou: "Venha como você é".

E jurava, em seguida, que não tinha uma arma.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

OTTO e BNEGÃO



# conection #
Brasil Rural Contemporâneo

txt, phts n vds: Júnior Godim


Choveu o dia todo, o lamaçal na porta da bilheteria da feira não era muito convidativo, mas valeu chegar na Marina da Glória, local da feira Brasil Rural Contemporâneo (sobre o qual eu falo mais tarde). A Marina é muito legal, com vista pra Baia de Guanabara e tal, mas pra chegar lá a pé é uma batalha. Falam muito sobre sustentabilidade, redução de emissão de carbono, etc., mas fazem uma feira que só se chega de carro...



Essa feira já acontece desde o ano passado, mas nunca tinha me despertado o interesse. Achei que era uma feira de negócios, ainda mais quando vi a logo do Ministério da Agricultura, me deu preguiça de ir. Preconceito puro: uma estrutura gigante, com uma decoração bem bacana, com produtos de todo país (desde roupas até comida, passando por móveis, cachaças, artesanatos) e mais um monte de coisas que não tive tempo de ver. Muito legal mesmo, ano que vem vou checar melhor.

Além do preço ser bem acessível (R$20,00, com meia entrada), o local dos shows (PALCO MULTICULTURAL), era digno de show gringo – iluminação de primeira, som potente, telões de led e edição de vídeos ao vivo, impressionante. Nem o Tim Festival, que cobrava pelo menos 5 vezes mais, tinha essa estrutura.

Os Seletores de Frequência começaram tocando uma base de funk 70, tipo blaxploitation, quando entra o Bnegão no palco com uma guitarra, fala com a galera e manda Funk (Até o Caroço). A banda é foda! Naipe de metais, uma batera fuderoso, percussão, guitarra, baixo estalando no peito, o show não podia ter começado melhor. Seguiram tocando seus clássicos com várias novas bem bacanas, que me pareceram mais pop que o primeiro disco e lembraram bastante o Funk Como Le Gusta. Bnegão até brincou, dizendo que o “segundo disco lendário vai sair em março, nas bancas, com um preço justo, pra não furar o bolso de ninguém”. Vamos esperar.



O primeiro convidado foi Totonho, de quem não sou fã, e cantaram “Tudo pra ser feliz” e “Segura a Cabra”, música de Genival Lacerda, com participação de Chico Correa nos beats eletrônicos, o que deixou a música melhorzinha. Depois entra Siba, ovacionado pelo público, e tocaram “Será”e “Toda Vez Que eu Dou Um Passo O Mundo Sai Do Lugar”. Foda! O público veio abaixo, com muita gente cantando junto. O que me fez pensar na hora: de onde esse povo conhece essas músicas, já que a mídia de massa o ignora completamente? Mas não era hora pra tese-cabeça.




O último convidado foi Lirinha, também ovacionado, com recepção de popstar por parte de algumas meninas, e tocaram “Pedra e Bala” e “Chover”, que virou uma samba-reggae-pesado meio estranho, mas divertido. Tem algumas músicas que ficam piores sem a banda original, fica faltando peso, e as do Cordel são dessas. No final todos entraram pra cantar o verdadeiro “hino nacional, com 509 anos de existência”, a Dança do Patinho. Final apoteótico, que Bnegão emendou num beatbox e o naipe de metais tocou “Minha jangada vai sair pro mar...”. Clássico! (veja o vídeo)



Depois teve uma tentativa de show de Naná Vasconcelos com alguns grupos folclóricos de caboclinho e maracatu que participaram da feira, que virou mais uma intervenção que show propriamente dito. O Naná, apesar de ser gênio, não conseguia se entender muito bem com o povo dos grupos, que pareciam meio deslocados naquela estrutura de show.



Otto entrou tocando “Filha” (assista ao vídeo), do novo “Certa manhã acordei de sonhos intranqüilos”, com a Jambro Band detonando no som. Também, uma banda que conta com Pupillo, Catatau e Bactéria não precisa de muito esforço. Tocando mais algumas novas e dos discos anteriores, o rebolativo Otto parecia bastante feliz, já que segundo ele “tem 5 ou 6 anos que eu não toco aqui, na cidade da minha filha”. O show só não foi melhor porque ele começou a beber muito uísque e meio que se perdeu um pouco, falando muito entre uma música e outra, e coisas sem sentido, ameaçando fazer striptease, gritando no microfone... Uma pena, por que como já escrevi, a estrutura do lugar era muito boa, tinha tudo pra ser tão bom quanto o Bnegão.



Os convidados do Otto foram: Maciel Salú, Danni Carlos e Lia de Itamaracá, que entrou no palco parecendo uma entidade africana, linda! Tocaram várias cirandas com Maciel tocando rabeca, mas como Otto já tava bêbado, ficou meio de qualquer jeito.



Danni Carlos, que cantou “Crua” e quase estragou a música, proporcionou um momento pitoresco na platéia: um grupo de 5 homens, que tomavam cachaça (bebida oficial, já que era vendida na feira), pareciam que tinham caído de para quedas naquele show. Eu acho que eles vieram pra feira de alguma cidade do interior, pelas roupas e pelo jeito como se comportavam: só andavam juntos, sempre bebendo, quando viam uma mulher dançando iam azarar em grupo e com pique de procurar briga. Como Otto dançava e rebolava no palco, começaram a rir e tirar sarro do show, até que Danni Carlos (leia-se “A Fazenda”) entrou. Os cinco foram pra grade, atropelando umas meninas que estavam lá, e ficaram estáticos, tirando foto com o celular e quase babando pela “celebridade” que apareceu. Foi ela sair do palco que eles saíram da grade.



A noite terminou com mais chuva, mais lama, e eu pensando que shows assim, com estrutura bacana e preço justo deveriam acontecer com mais frequência.



terça-feira, 28 de abril de 2009

CONEXÃO VIVO



# beagá conection #
Raposas, Galos e Coelhos

txt e phts: Alan Lopes

phts: Fernanda Toquetti

Black Sonora subiu no palco ainda cedo, por volta das 20:00, mas contou com um público gigantesco que agitou desde o primeiro momento. Mandaram o baião funkeado (por definição dos mesmos) de "Yo No Quiero Stress", "Poesia Urbana", "Madêra". Quando Bnegão subiu no palco foi uma loucura total na platéia, mandaram "V.v", falaram logo após, além da camaradagem existente entre o grupo e ele, e do denominador comum que os une, Tim Maia, mandaram "Energia Racional", finalizaram com 'Treta' emendando em "Muito Além", música do Turbo Trio, recente banda de BNegão.



Otto



Talvez um dos shows mais aguardados pelos belorizontinos, Otto subiu no palco cheio de descontração, e logo de cara, apresentou o que seria o grande trunfo da noite, ter ao seu lado, dividido o palco durante o show Pupillo, baterista da Nação e Catatau, do Cidadão Instigado na guitarra, levando o público ao delírio com os clássicos "Samba Pra Burro", "Sem Gravidade" e "TV a Cabo". Ainda mandou ver com duas canções de seu novo trabalho, "Crua" e "Seis Minutos".



Num show de tirar o fôlego do começo ao fim, Otto superou as expectativas, levando muita empolgação pro palco, tendo ainda, no final do show, a participação o cantor paulista Curumin, ou seja, muita expectativa do público, nomes de peso no palco e um show que levou todos ao delírio.

#ALGUNS DIREITOS RESERVADOS

Você pode:

  • Remixar — criar obras derivadas.

Sob as seguintes condições:

  • AtribuiçãoVocê deve creditar a obra da forma especificada pelo autor ou licenciante (mas não de maneira que sugira que estes concedem qualquer aval a você ou ao seu uso da obra).

  • Compartilhamento pela mesma licençaSe você alterar, transformar ou criar em cima desta obra, você poderá distribuir a obra resultante apenas sob a mesma licença, ou sob licença similar ou compatível.

Ficando claro que:

  • Renúncia — Qualquer das condições acima pode ser renunciada se você obtiver permissão do titular dos direitos autorais.
  • Domínio Público — Onde a obra ou qualquer de seus elementos estiver em domínio público sob o direito aplicável, esta condição não é, de maneira alguma, afetada pela licença.
  • Outros Direitos — Os seguintes direitos não são, de maneira alguma, afetados pela licença:
    • Limitações e exceções aos direitos autorais ou quaisquer usos livres aplicáveis;
    • Os direitos morais do autor;
    • Direitos que outras pessoas podem ter sobre a obra ou sobre a utilização da obra, tais como direitos de imagem ou privacidade.
  • Aviso — Para qualquer reutilização ou distribuição, você deve deixar claro a terceiros os termos da licença a que se encontra submetida esta obra. A melhor maneira de fazer isso é com um link para esta página.

.

@

@