Oi, sem você eu não Vivo.
::txt::Luciano Viegas::
-Em que posso lhe ajudar, senhor?
-É que eu tô com saudades.
Foram quarenta e quatro minutos de puro prazer, eternos para mim. Como a gente se entende, não é? Você me deixava esperando por alguns momentos, o tempo certo para eu ficar imaginando, do lado de cá, as cenas picantes que vamos protagonizar quando essa distância se quebrar e for revelada a sua face rósea por detrás destes trejeitos linguísticos de menina do interior.
Eu podia ouvir os seus cochichos, com as amigas à sua volta, falando de nós, eu sei. Esta paixão nos arrebatou e não há por onde escapar. É questão de destino e, sabendo disso, com um medo (natural) de encarar esse amor que nos rasga, você cogita me destinar a outro pessoa que possa esclarecer com mais propriedade as questões que me afligem.
- Central de relacionamento com o cliente, pois não?
- Por favor, passa o telefone de novo pra Suzana. É que eu vim do Alabama...
Oh! Suzana, você não entende? Eu não tenho aflições, de forma alguma! Ao contrário, estou revigorado! Não quero ser seu cliente, mas estou disposto, isto sim, a um relacionamento. Coisa séria, de assinar papel e tudo. Vamos estreitar estes fios que nos ligam, tão puros, de dois pontos distintos deste mesmo mapa geográfico e astral. As nossas ligações são quase umbilicais. Só você não percebe!
Eu também não vejo, apenas sinto. Sou dilacerado a cada ruído que nos interrompe. Sua voz aveludada, suavemente mecanizada (para me colocar no devido lugar), quer esconder as evidências do que já estava traçado antes mesmo de sermos jogados no mundo à própria sorte. Foi amor à primeira ouvida e, agora, nossas orelhas serradas uma na outra (ficamos tanto tempo assim), nos tornamos íntimos.
Você me pede a data de nascimento, sem disfarçar, pra calcular meu signo e projetar nosso futuro promissor. Espero que você vislumbre o mesmo que eu: uma casinha no campo, algumas vaquinhas pastando; nossa vida bucólica, um amor campestre e sincero.
Meu coração quase arrebenta, ultrapassa a barreira do som. Você insiste em fugir pela tangente, quer saber se estou falando de algum problema da minha conta. Este problema, Suzana, agora, é da NOSSA conta. Tampouco é problema: é solução. Você tem essa mania de ficar me enrolando, me oferecendo mil coisas. O único bônus que eu desejo é a sua presença. Nossa história há de superar os limites impostos pelo cabra safado do Graham Bell!
No fim você aceita a minha paixão fulminante, as minhas declarações desconcertantes, e juntos fazemos planos para os próximos seis meses! Vou às lágrimas quando você me exige fidelidade. É recíproca, eu sei. A você, Suzana, serei fiel. Não devemos determinar prazos, um ano ou dois, porque há de ser pra sempre.
- Mais alguma dúvida, senhor?
- Suzana, você me ama?
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