::txt::André Forastieri::
Nelson Jobim foi demitido. Só lembramos da existência dele quando falou bobagem. Quem foi o Ministro da Defesa antes dele? Não importa. Função de militar é matar, e o Brasil não tem inimigos. Não precisamos de exército, marinha ou aeronáutica. Deveriam ser abolidos. Não faria a menor diferença.
Melhor: faria grande diferença para o bem. Na América Latina, não há país mais civilizado que a Costa Rica. Por várias razões, e a principal é que a Costa Rica aboliu as forças armadas em sua constituição de 1949. Tem uma guarda civil e uma guarda rural e só.
Ninguém diga que aquele canto do mundo é tranquilo. A América Central já enfrentou de tudo, ditadores, guerrilheiros, narcotraficantes, mafiosos, multinacionais que mandavam em países inteiros. A Costa Rica ali no olho do furacão e, em mais de seis décadas, sempre manteve seu rumo - nada de exército.
O que iam gastar com "defesa", investiram onde mais importava - no ataque aos seus principais problemas. Hoje a Costa Rica tem alto índice de alfabetização, meio-ambiente superprotegido, pontua bem em todos os principais índices do bem viver planetário. Não é um país rico, nem de longe, mas em média vive-se com mais paz lá que em qualquer outro lugar da América Latina.
Desarmar o Estado ajuda a desarmar o espírito? No Brasil, ao contrário, temos armas para todo lado. O governo federal tem as Forças Armadas, os Estados têm polícias militares, cidades suas polícias civis, bandidos suas metrancas.
Temos até nossa própria indústria bélica, e recentemente tivemos a vergonha de ver tanques brasileiros usados pela ditadura de Kaddafi contra manifestantes líbios. Com tudo isso, e sem inimigos, vivemos em uma violência sem fim.
Se o Brasil abrisse mão de suas forças armadas, quem iria guardar nossas fronteiras? A pergunta é outra: que país é capaz de invadir e ocupar um lugar do tamanho do Brasil, com quase 200 milhões de habitantes? Nenhum. No século 21, as nações se digladiam por outros meios.
A gente podia ficar com um timezinho de forças especiais bem treinadas e um abraço. Baita economia. Mas não. Trocamos Jobim por Celso Amorim e tudo continua como dantes no quartel de abrantes. O Brasil, pena, não está pronto para seguir o exemplo da Costa Rica. Pelo menos em uma coisa evoluímos bastante. Como disse ontem o amigo Edson Aran: "eu sou do tempo que militar é que demitia o presidente..."
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