
::txt::Monseñor Jacá::
Quem viveu a década de 80 sabe o que significa o prezado senhor Ribamar. Pensando nas eleições pra governador/senador/deputados de 1986, Sarney criou o plano cruzado, congelou os preços de tudo e nos convocou para ser os seus fiscais no combate a inflação. Dos 22 governadores eleitos na época, 21 eram do PMDB, seu partido, e apenas 1 do PFL, seu aliado (entre os governadores eleitos estavam os queridos Moreira Franco, Pedro Simon, Orestes Quércia). Dias depois os preços voltaram a explodir e a inflação voltou aos seus passos de lebre. Lembro bem de meu pai gastando todo salário no supermercado no dia em que recebia, pois no outro dia já estaria mais caro.
Para ficar mais um ano no poder, Sarney deu inúmeras concessões de emissoras de rádio e televisão para dezenas de deputados. O latifúndio midiático de hoje é obra dele, o dito cujo, o carcará. Naquele tempo eu ainda acreditava em alguns políticos, e todos eles o tratavam como o diabo da política brasileira. Brizola, Gabeira, Roberto Freire, Mário Covas, Lula, Collares, Olívio Dutra, Fernando Henrique Cardoso, enfim, todos aqueles que pediram Diretas Já e apoiaram Lula contra Collor em 1989, eram taxativos sobre Sarney: "se ele está de um lado, nós estamos do outro".
Pois bem, fiz as contas, e notei que Sarney está no poder, com poucas e raras exceções, desde 1º de abril de 1964, fato que coloca todos os presidentes de lá pra cá no mesmo saco. Isso sem falar do Maranhão, onde ele e seus filhos e netos e sobrinhos mandam, comandam e desmandam também há décadas, e do Amapá, estado que o Godfather comprou pra ele.
Mas eu quero chegar é num fato atual. Não sei se Palocci está certo ou não, se é ilegal, imoral ou engorda. Tenho medo é de dois coisos: se Sarney diz que Palocci é inocente, é indício de ser exatamente o contrário. Dois: se Sarney diz que inocenta Palocci, é sinal que Palocci já está inocentado. E não discutimos mais isso.
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