#CADÊ MEU CHINELO?
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
JOÃO DO MORRO E A VOZ DA FULEIRAGEM
# agência pirata #
"Uns me chamam de cronista da periferia, outros dizem que o estilo é suingueira e outros definem como ‘Fuleiragem Music’"
txt e ntrvst: Bruno Costa
A primeira faixa do disco do João do Morro, ‘Do Morro ao Asfalto’, você percebe a mistura inusitada de rock com axé, o axé-noize de ‘Ninguém segura’. Por causa dessa canção, com o cantor descrevendo a sim mesmo e dizendo que vai tirar onda e ninguém vai lhe segurar, é fácil imaginar que a próxima faixa vai seguir o estilo do axé music...
Pois não é que é verdade... Mais axé-noize. Então você começa a prestar atenção na letra da música e percebe que o cantor é um verdadeiro cronista do cotidiano das favelas. Se a próxima canção fosse um axé, o ouvinte provavelmente deixaria o disco de lado e partiria para outras aventuras musicais. Entretanto, a faixa é quase uma cumbia no melhor estilo da fuleiragem, na faixa ‘Eu não presto’. Pois é na próxima música, ‘Frentinha’, que ele mistura axé-noize com fuleiragem music.
A partir daí, João do Morro surpreende com o reggae, ‘O avião’, e ‘Cueca de copinho’ na sequência, em que ele faz uma crônica hilária sobre a indumentária masculina. Em ‘Balaiagem’, João do Morro faz uma nova exaltação ao cabelo pixaim – no melhor estilo de ‘Nega do cabelo duro – mas que desta vez retrata as famosas chapinhas tão comuns nos dias de hoje. E como se nada mais pudesse surpreender no disco do João do Morro, ele vem com um samba-rock que não faria feio na voz de qualquer grande cantor desse estilo.
Quando João faz crítica, ele é bem humorado e sempre vê o lado curioso e engraçado da situação. Tirando onda ou não, ele ainda encontra espaço para discutir a pirataria musical. João do Morro também tem uma canção incluída na coletânia da festa Criolina, ‘Globralization Grooves’, para a revista francesa ‘Brazuca’, que é editada pelo Daniel Cariello, o responsável pelo fanzine brasiliense do final dos anos 80, ‘A Verdade’.
Então vamos logo curtir uma entrevista com o João do Morro e saber o som que ele faz.
Como você define o seu som?
Meu som é sem preconceito. Bebo na fonte do samba de raiz e meu ritmo preferido é reggae. Prefiro não rotular. Uns me chamam de cronista da periferia, outros dizem que o estilo é suingueira e outros definem como ‘Fuleiragem Music’, mas ‘Do Morro ao Asfalto’ tem de tudo um pouco: rock, reggae, Rap, afoxé, samba...
Antes de ser cantor e compositor. Você fazia o quê?
Trabalhava como açougueiro em uma grande rede de supermercado e, nas horas vagas e finais de semana, eu cantava em rodas de samba. Quando meu trabalho cresceu eu pude me dedicar apenas à música.
Você que já vendeu seu CD como camelô... O que acha de downloads pela internet? Pirataria ou ascessibilidade?
Meu trabalho é independente então não é pirataria, pelo contrário. Eu mesmo disponibilizo meu CD pra download no www.myspace.com/joaodomorro e distribuo cópias para os vendedores ambulantes. O que importa é que o público conheça o trabalho do artista. A distribuição da música mudou e a carrocinha hoje funciona como uma estação de rádio ambulante, chega aos ouvidos do público. Sou grato e homenageio eles nesse disco na faixa ‘A voz das carrocinhas’.
Seus personagens existem de verdade? Ou simplesmente foram criados para caberem nos temas retratados nas suas canções...
Existe, sim. Às vezes eu mesmo testemunho as histórias, ou ouço histórias no meio da rua ou de amigos que me contam situações que acho interessantes. Com certeza você conhece alguém que já passou por alguma situação destas que eu conto e canto.
Quais os seus planos? Agora que o CD está pronto...
Depois do carnaval eu quero trabalhar o CD no Sudeste do país e pretendo gravar um DVD ao vivo ainda no primeiro semestre. Se tiver um convite pra Brasília eu vou, viu? E em relação à Criolina, a música que está na coletânia do ano passado, é a ‘3 Segundos’, remixada pelo DJ Bruno Pedrosa, daqui de Recife também. Dá uma sacada lá que você encontra a música.
2010 Do Morro ao Asfalto
1. Ninguém segura (com Zé Brown)
2. Sarará
3. Eu não presto (com Conde do Brega)
4. Frentinha
5. O avião (com Nando Mangabeira, Dó Mãozinha & Cosmo)
6. Cueca de copinho
7. Balaiagem
8. Eu-dô-lê
9. Lado B do jornalista
10. Dorô
11. Na mamata
12. A voz das carrocinhas (com Cardinot)
Baixe o álbum AQUI
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