
::txt::Tania Orsi Vargas::
O vento soprou pelas janelas
a velha cadeira nem se moveu.
Há sempre um gato dormindo
ao pé do antigo fogão
há sempre um leve tremor
entre as mãos e o coração.
Vento frio cortou os tempos
em pedaços e misturou
saudades velhas
com olhares novos
braços erguidos em súplica
e pés de velhas estradas.
O limo do muro
guarda segredos.
E seu acre cheiro
voa para longe o pensamento.
Há sempre uma mesa tosca
naquela casa fugidia
estrada de chão batido
e um estranho pão
que não se acaba.
Nos campos de dentro
cavalgam rumores
toca o sino do meio dia
o sino do fim da tarde
assobios,
ô de casa,
vem cá menina!
Há sempre uma mão
que ampara
e trança meus cabelos.
Há sempre esse ruído
na vidraça
das minhas noites
o silêncio dos ventos
da madrugada
rompendo as carnes
fechando a garganta
e chovendo dos olhos
as minhas lágrimas...
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