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::txt:: Oscar Vasconcelos::
pht::Mayer Hawthorne::
O Circo Voador pegou fogo! No último dia 14, a tradicional casa de shows na Lapa, berço de grandes bandas nacionais e palco de apresentações históricas, recebeu um desses artistas que marcam profundamente e, sem dúvida, ficam positivamente marcados pela retribuição do público. Mayer Hawthorne é o nome da vez. Além de “soulman”, ele é produtor, engenheiro de som, compositor, arranjador, DJ e multi-instrumentista. Ficou inicialmente conhecido por uma parceria com Snoop Dogg na música "Gangsta Love". Só depois, por acaso, ou destino, se arriscou como cantor e, para o bem da arte, gravou o elogiadíssimo álbum “A Strange Arrangement”. Em recente entrevista ao jornal “Folha de São Paulo”, declarou: “Obviamente, Smokey Robinson e Curtis Mayfield estão entre minhas maiores influências. Eu tenho muitos negros em mim". Fica claro que a tal influência da Motown está lá, mas isso não significa “mais do mesmo”, Mayer tem uma sonoridade muito particular e está ciente disso.
Muita gente não sabia exatamente o que ouviria naquela noite, mas a expectativa, baseada na divulgação boca a boca e nas informações disponíveis na internet, era das melhores. Por volta de 23:40, quando Mayer subiu ao palco com sua banda atrás, um pandeiro na mão e a deliciosa “Your Easy Lovin' Ain't Pleasin' Nothin'” na ponta da língua, instantaneamente elevou o bom astral do ambiente e mostrou que estava ali para fazer um ótimo trabalho. Inclusive, ao final da primeira música, ele foi logo avisando que aquilo ali não era um concerto, se tratava de um show e queria todos se divertindo. Quem não quisesse participar da festa deveria ir lá pro fundo. Disse isso esbanjando simpatia e bom humor, logo conquistou definitivamente o público, pra lá de animado, que lotava a casa.
A partir daí ele foi enfileirando as pérolas do seu disco e releituras de clássicos da “soul music”, mantendo a animação sempre alta. A primeira sequência continuou com “Make Her Mine”, “Maybe So, Maybe No” (aqui ele aproveitou e pôs todo mundo pra fazer o vocal) e “I Wish It Would Rain”. Apresentou duas canções novas, “No Strings” (com citação de “Beautiful” do Snoop Dogg ao final) e “Long Time” que provavelmente estarão no álbum que será lançado em 2011. Ainda presenteou a todos com covers matadoras de “What a Fool Believes” (The Doobie Brothers) e “Fall in Love” (Slum Village). O show foi encerrado com a dobradinha “Just Ain't Gonna Work” Out e “The Ills”.
A temperatura sob a lona não parou de subir, o público, numa espécie de hiperatividade coletiva, parecia insaciável e clamava por mais. Muito mais. Veio o bis, tranquilo, com “A Strange Arrangement”, talvez o momento mais calmo da noite, mesmo assim durou pouco, logo vieram “One Track Mind” e mais uma bela interpretação de temas alheios, “Mr. Blue Sky” (Electric Light Orchestra). Agradecimentos, despedida e mesmo assim ninguém arredou pé dali. Valeu a pena, Mayer e banda voltaram para fazer um final apoteótico, uma versão “arrasa quarteirão” de “Work To Do” (Isley Brothers) e, mais uma vez, nenhuma alma ficou parada.
Não houve quem ficasse insatisfeito. Uma comprovação disso, reside no fato de que se esgotaram todos os cds postos à venda na barraquinha de merchandising do artista. Muita gente, que gostaria de comprar, ficou sem. A outra, está na foto tirada pelo próprio (abaixo) e nas palavras publicadas por ele no twitter (@MayerHawthorne) no início da manhã, fielmente reproduzidas aqui: “BEST. SHOW. EVER! #RIO”. Certamente um evento histórico.
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