:: txt :: Paulo Wainberg ::
Vivo atormentado porque não consegui até hoje descobrir o inventor de um utensílio que revolucionou a gastronomia, a arte de comer e a higiene bucal: O palito de duas pontas.
Após a leitura de extensa biografia, soube que nas eras antigas, o homo sapiens não usava palitos. Se um pedaço de tiranossauro Rex ficasse preso entre dois dentes, ele simplesmente arrancava o dente com seu tacape e, quase sempre, arrancava dois ou três de brinde.
Era mais cômodo, naqueles tempos primitivos, ficar sem dentes do que suportar pedaços de carne entranhados os quais não saíam a ponto de as tentativas com a língua gerarem dolorosas cãibras.
Com a sofisticação evolutiva tornou-se evidente e segundo um memorável estudo arqueológico realizado por um professor de antropologia de uma universidade, cujo nome se me escapa à memória, a sociedade humana passou a usar achas, ou melhor, lascas de achas de lenha, galhos e qualquer outro material duro para extirpar os incômodos restos alimentares, teimosamente alojados entre caninos, molares e dentes de siso.
Na época dos palácios e castelos, a Humanidade aperfeiçoou o método graças à genialidade de um cavalariço que, observando um prego utilizado para as ferraduras e que, no momento, servia para retirar uma grossa ervilha de dentro da cavidade de um molar cariado, pensou: E se eu afiar a ponta de um pedacinho de pau?
E assim surgiu o primeiro palito, com uma ponta só.
O cavalariço, pensando em ficar rico, levou à ideia ao seu senhor feudal que, gostando da solução, mandou enforcar o cavalariço e organizou a produção em serie de palitos de uma ponta, servindo a outra para segurar o objeto, entre o polegar e o indicador.
Terminam aí os registros sobre a evolução dos palitos para forma atual, de duas pontas, de modo que quebrando uma, podemos utilizar a outra ponta, reduzindo-se consideravelmente os custos da produção.
Procurei, pesquisei, imergi nas culturas milenares da China e do Japão, riquíssimas na produção de pequenas coisas e nada, nenhum registro, nenhuma alusão aos palitos de duas pontas, nem na literatura universal, na produção científica dos últimos mil anos e nos almanaques parisienses do Século XVI.
Hoje, quando vejo alguém utilizar o palito no restaurante, com recato e respeito ao olhar alheio, fico fascinado esperando o momento em que ele vai virar o objeto para utilizar a outra ponta e quando aparece a ponta suja entre os dedos da mão utilizada para tapar o serviço, entro em pânico, falta-me o ar, minhas fobias afloram e meu sentimento de fracasso e de inutilidade perante os mistérios da vida ficam exacerbados ao limite.
Morrerei sem saber quem inventou o palito de duas pontas?
Vivo atormentado porque não consegui até hoje descobrir o inventor de um utensílio que revolucionou a gastronomia, a arte de comer e a higiene bucal: O palito de duas pontas.
Após a leitura de extensa biografia, soube que nas eras antigas, o homo sapiens não usava palitos. Se um pedaço de tiranossauro Rex ficasse preso entre dois dentes, ele simplesmente arrancava o dente com seu tacape e, quase sempre, arrancava dois ou três de brinde.
Era mais cômodo, naqueles tempos primitivos, ficar sem dentes do que suportar pedaços de carne entranhados os quais não saíam a ponto de as tentativas com a língua gerarem dolorosas cãibras.
Com a sofisticação evolutiva tornou-se evidente e segundo um memorável estudo arqueológico realizado por um professor de antropologia de uma universidade, cujo nome se me escapa à memória, a sociedade humana passou a usar achas, ou melhor, lascas de achas de lenha, galhos e qualquer outro material duro para extirpar os incômodos restos alimentares, teimosamente alojados entre caninos, molares e dentes de siso.
Na época dos palácios e castelos, a Humanidade aperfeiçoou o método graças à genialidade de um cavalariço que, observando um prego utilizado para as ferraduras e que, no momento, servia para retirar uma grossa ervilha de dentro da cavidade de um molar cariado, pensou: E se eu afiar a ponta de um pedacinho de pau?
E assim surgiu o primeiro palito, com uma ponta só.
O cavalariço, pensando em ficar rico, levou à ideia ao seu senhor feudal que, gostando da solução, mandou enforcar o cavalariço e organizou a produção em serie de palitos de uma ponta, servindo a outra para segurar o objeto, entre o polegar e o indicador.
Terminam aí os registros sobre a evolução dos palitos para forma atual, de duas pontas, de modo que quebrando uma, podemos utilizar a outra ponta, reduzindo-se consideravelmente os custos da produção.
Procurei, pesquisei, imergi nas culturas milenares da China e do Japão, riquíssimas na produção de pequenas coisas e nada, nenhum registro, nenhuma alusão aos palitos de duas pontas, nem na literatura universal, na produção científica dos últimos mil anos e nos almanaques parisienses do Século XVI.
Hoje, quando vejo alguém utilizar o palito no restaurante, com recato e respeito ao olhar alheio, fico fascinado esperando o momento em que ele vai virar o objeto para utilizar a outra ponta e quando aparece a ponta suja entre os dedos da mão utilizada para tapar o serviço, entro em pânico, falta-me o ar, minhas fobias afloram e meu sentimento de fracasso e de inutilidade perante os mistérios da vida ficam exacerbados ao limite.
Morrerei sem saber quem inventou o palito de duas pontas?
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