#CADÊ MEU CHINELO?
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
[...] PANÇA NA ESCURIDÃO
::prd::Jucazito da Viola::
meu velho sempre dizia
meu filho tome cachaça
quando eu bebo no escuro
eu não vejo a desgraça
pra digestão
pra digestão
bebo eu, beba você
e a pança na escuridão
meu velho sempre dizia
meu filho tome cachaça
quando eu bebo no escuro
eu não vejo a desgraça
pra digestão
pra digestão
bebo eu, beba você
e a pança na escuridão
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
[agência pirata] VOTE NULO
::txt::Wladymir Ungaretti::
Já faz algum tempo que faço "política" por afinidades episódicas, passageiras. Em torno de "não-programas" que se constroem e desaparecem, na atualidade, em velocidade virtual. Minha inquietude é dada por não ter certezas. Tenho me alimentado de dúvidas. Faz tempo, também, que passei a perceber que minhas subjetividades estão em permanente revolta contra as prisões. Todos os "ismos" aprisionam. Não tem a mínima importância que meu voto nulo seja inócuo. Nesse mundão de tantas redes vivemos em um imenso isolamento. Dai resulta que a crítica a este radical individualismo não tem qualquer significado. Não diz nada. Argumentos pelo voto são de uma imensa pobreza. Me desculpem. Por isso mesmo, a política do possível e do real se faz pelos programas televisivos, pelas bandeiras nas esquinas e pelos comícios de encerramento de campanha. E que nada mais são do que espetáculos para o fechamento dos últimos programas televisivos. Imagens que estabelecem e impõem subjetividades da mais absoluta passividade. Como já assinalei estou, sempre, procurando por novas escrituras. Palavras como estiletes, cortantes. Imagens que abram brechas. Raspas das camadas mais profundas da alma. Sonho com orgias libertárias. Como, também, já assinalei me construo, transitando, entre minhas incoerências. Mesmo estando tudo muito longe - liberdade, igualdade, fraternidade - é para este infinito que continuo olhando.
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
[domínio público] MANIFESTO OCUPE A SUA VIDA
::txt::Coletivo Nós três sabemos disso::
Aos queridos,
Seres de nobres conhecimentos, profunda obstinação em reparar as mazelas sociais e designação genética para heróis latino-americanos.
Vós que estais olhando pela janela do apartamento a incrível fumaceira dos carros; Vós que leis esta carta eletrônica pelo IPhone na lanchonete; Vós amantes das letras; Voz inquieta de peito retumbante: Nós, do lado de cá, compreendemos de profunda admiração vossas aptidões naturais para manifestos de fundo sensível com o olho no social. Em dias de tédio como o hoje e o sempre é natural que a galera se reúna no entorno de algum prédio velho, rua mal construída, praça que pode mudar o nome em homenagem a um ditador, para reivindicar causas justas e, claro, eventualmente curtir um showzinho com a gurizada e, com alguma sorte, até fazer uso de entorpecentes mais barra-pesada. Num raio-x deste século principiante, podemos perceber os traços característicos deste tipo de manifestação, a mais importante expressão popular dos nossos tempos contemporâneos, o mais vivo movimento em direção à concretização dos direitos democráticos, a inigualável inquiridora do poder, NOSSA QUERIDA OCUPAÇÃO.
A vós que estais atrasados para a mobilização domingueira, que não sabeis direito sobre a articulação (mas conheceis uma galera), a todos os igualmente indignados pela ausência de ambulantes que vendam cerveja em ocupações: estamos de pleno acordo que o esquema é engajar. É sacudir o esqueleto em nome de uma revolução só nossa, bem século vinte e um. Barracas armadas, estandarte alçado, discurso na ponta da língua, arriba se bamo! E uma leve impressão de que estão tomando a cidade da gente. Pois enfrentamos o tempo da viração, que é de brandir os punhos e bradar, como gostaríamos de inserir enquanto sugestão: OCUPE SUA VIDA!
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
[agência pirata] ESSES ÍNDIOS AÍ...
::txt::Antonio Prata::
'Pra que serve o índio? Índio não colabora com o PIB, não contribui com a ciência, não dourará nosso quadro de medalhas nas Olimpíadas e ainda é dono de Bélgicas e Bélgicas de terra improdutiva! Esses folgados deviam era tomar vergonha na cara, botar uma roupa, arrumar um emprego, mudar pra um apartamento de 25 metros quadrados e passar duas horas no trânsito, todo dia, como qualquer ser humano normal, é ou não é?!
Tirando a ironia do apartamento e do trânsito, o discurso acima não é muito diferente do que eu ouvi tantas vezes, na época em que cursava ciências sociais e explicava a algum curioso do que tratava a antropologia.
Lembrei-me dessas pérolas na semana passada, ao ler aqui na Folha a notícia de que uma portaria da Advocacia-Geral da União prevê a possibilidade de o setor público construir em áreas indígenas sem consultar seus habitantes. A ideia, pelo que eu entendi, é que as reservas não sejam reservadas. Genial.
Uma vez perguntaram a um antropólogo "por que os índios precisam de reserva?". Resposta: "porque eles existem". Simples assim. Por existirem, viverem da caça, da pesca, da colheita, de pequenas produções de subsistência -e, diga-se de passagem, por estarem aqui há pelo menos 5.000 anos-, devem ter as partes que lhes cabem entre nossos latifúndios.
Que baita desperdício! -dirá a turma do primeiro parágrafo. Debaixo das terras onde esses pelados estão a comer pitangas há minérios valiosíssimos! Minérios essenciais para a fabricação de celulares, por exemplo. Enquanto eles estão lá, rezando pro grande Deus da mandioca, poderíamos estar diminuindo em 0,001 centavo o preço dos smartphones, permitindo a mais gente tirar fotos de seus cachorros para pôr no Facebook, possibilitando que mais gente desse "like" nas fotos dos cachorros de mais gente, contribuindo, assim, para a grande marcha da civilização -mas esses índios...
Não, não direi que o índio é bom e a gente é ruim, caro leitor, nem acho que um caiapó viva necessariamente melhor do que o morador da Caiowá. Sou feliz com os antibióticos, as séries da HBO, as cervejas artesanais e outras conquistas da civilização. E é justamente a herança iluminista desta civilização à qual pertenço que me obriga a concordar que, se não há uma finalidade última para a existência, tanto faz gastarmos o tempo que nos foi dado vestidos e postando fotos de cachorros no FB ou pelados e cantando para a mandioca. Mais ainda: é essa mesma tradição, cujas grandes criações tanto admiro -de Hamlet ao microchip-, que me faz lamentar o tesouro que desperdiçamos ao menosprezar os quase 240 povos indígenas brasileiros, com suas mais de 800 mil pessoas falando cerca de 180 línguas. Quantas Ilíadas e Gênesis, Medeias e Gilgameshs, quantos belos poemas, cosmogonias e epopeias deixam de fazer parte do rio de nossa cultura por preconceito e ignorância?
Garantir a terra e a sobrevivência desses índios é aumentar a riqueza da experiência humana. A deles e a nossa. E, mesmo que não fosse, mesmo que "esses índios aí" não pudessem trazer nada de bom para nós, ainda mereceriam as reservas. Porque eles existem. Simples assim.'
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
[...] COMERMORAR
::psy::Jucazito::
eu não tenho prato pra comer
eu não tenho casa pra morar
às vezes os meus dias são de pá em pá
procurando o bagulho no palheiro
eu não tenho prato pra comer
eu não tenho casa pra morar
às vezes os meus dias são de pá em pá
procurando o bagulho no palheiro
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