:txt: Tiago Jucá Oliveira__
A recente demissão do jornalista Heródoto Barbeiro da TV Cultura levantou uma tese entre blogueiros sobre as possibilidades de tal demissão. Como Barbeiro havia questionado o preço dos pedágios nas rodovias estaduais de São Paula durante as administrações Serra e Alckmin em entrevista com o presidenciável tucano, estão nos fazendo crer que houve a mão política de Serra no ato de retribuição.
O que eu não vi nesses textos colhidos em linkagens do Twitter foi algo sobre a razão pública da TV Cultura e seu caráter cultural. A TV Cultura deveria ser uma emissora pública, e não estatal, com o conteúdo voltado a aspectos culturais, e não políticos. Pelo menos era isso que eu pensava que a emissora fosse e que de fato deveria continuar a ser, gerida e gestada pelo cidadão, que através de cursos e concursos/pleitos públicos, fosse capacitado para exercer a função na qual foi aprovado e/ou eleito.
O conteúdo de uma emissora de televisão que se diz “Cultura” não poderia ter espaços para a chatice político partidária. Que diabos o senhor José Serra era atração da TV Cultura? Logo ele, que parece ser um imbecil cultural. Esse senhor em sua época universitária, pelo que ele diz ter sido, me faz lembrar aqueles manézinhos que ao invés de serem agitadores culturais nas faculdades, que difundem música, filmes, livros e subversão poética, vivem metido em diretórios acadêmicos e centrais de estudantes, no traçar de rumos semelhantes ao do tucano na carreira política. Na juventude, gritam “Fora FMI”, “Viva Che Guevara”. Porém, no soprar dos ventos, acabam lá, na disputa político partidária por um cargo na Assembléia, na Câmara, no Senado. Quando a popularidade não é muita alta, acaba por concorrer ao Conselho Tutelar ou ao peleguismo sindical.
Aqui no chulé do país, também há algo que não cheira bem. Nossa TV Educativa em quase nada educa. Não é uma emissora pública, e sim estatal, ou seja, a cada quatro anos ela molda a cara e conteúdo conforme o felizardo das urnas. O MDB governa o Rio Grande do Sul desde 1987, ano em que passei a acompanhar a programação da emissora, portanto estou incapaz de comparar com a gestão da Arena. De lá pra cá, houve alguns revezamentos no poder entre as quatro principais alas do Movimento, porém quase nada mudou. A cada novo governador muda-se equipe, grade de programas, direção, etc. E continua a mesma merda que vai ao ar.
Exceto poucos bons programas, como por exemplo o Radar, a emissora é a porta-voz oficial do governo do Estado. Seus telejornais são descaradamente a propaganda branca das gestões que se passam e retornam. Seria um sonho querer que ela se tornasse pública, sem a intromissão da burocracia estatal. O que ainda é possível, e seria uma solução melhor pro caso, é a privatização da emissora que pouco educa, apesar do nome. Entrega-la a quem entende de administração de empresa, concorrência de mercado, jornalismo e entretenimento, e, quem sabe, tira-la dos míseros um per cento de audiência. Ah, eu sei, a pelegada jamais iria admitir tal hipótese. Qualidade é o oposto da corrupção. E pra esse zé povinho pelego, o lema é: deixa roubar, mas por favor, não vamos melhorar”. Vocês se merecem!
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